domingo, 16 de dezembro de 2012

Minha Nova Vida - Capitulo 3: Retorno




Entrei na sala correndo desesperada, joguei minha mochila em cima da mesa, que fez um barulho alto o suficiente pra chamar a atenção dos outros presentes no local. Caio estava no fundo da sala, jogando alguma coisa com os outros garotos, eu estava desesperada e fui diretamente falar com ele.

Jessica: Caio
Caio: Pera
Jessica: Caio
Caio: PERA
Jessica: Caio Caio Caio Caio
Ele não pareceu gostar de eu interromper o jogo dele, mas pelo menos não me ignorou
Caio: Que foi?
Jessica: Você viu a Lucilla?
Caio: Eu não vejo ela de manhã... já tentou ligar pra ela? ela nunca deixa de atender qualquer ligação que recebe.
Jessica: Já, mas ela não atende.
Ele pareceu estranhar
Caio: Talvez só tenha se atrasado.
O sino bateu
Caio: Tenho certeza que você vai achar ela no recreio.
Eu não podia fazer mais nada mesmo, então esperei. Acho que tive muita sorte, porque não prestei atenção em exatamente nada da aula, e nenhum professor pediu pra mim ler algo ou responder. Eu realmente tinha a sensação de que algo ruim havia acontecido. 
O sino pro recreio bateu. Peguei 5$ que tinha levado pra comprar meu lanche e enfiei no bolso. Eu ia levantar quando olhei pro lado e vi Caio me esperando.
Caio: Vamos.
Jessica: ... Aonde?
Caio: Você não é a unica que acha que aconteceu algo com a Lucilla.
Jessica: Você sabe de alguma coisa?
Caio: Ela tava estranha ontem anoite.
Me levantei, e fomos caminhando juntos pra comprar o lanche. Quando descemos a rampa eu resolvi puxar assunto.
Jessica: Ela normalmente já esta por aqui quando o sino bate.
Procuramos ela ali por perto. Decidimos não nos preocupar, talvez ela tivesse ficado em casa fazendo tarefas. O importante é que no fim da aula ela estaria lá. Sempre foi assim, até quando tinha prova e ela ficava estudando em casa.
O sino pra quarta aula bateu.
Caio: Só não se preocupe ok?
Fiz que sim com a cabeça, já que era uma segunda feira, as próximas aulas seriam educação física. Era vôlei, a professora me estranhou, eu sempre amei vôlei, mais estava desatenta. Percebi que a professora estava falando com Caio. Ignorei, afinal, os professores falam com os alunos certo?
A aula passou rápido até, Caio veio até mim.
Caio: Ela não veio pra aula hoje.
Jessica: O que? Isso não é coisa dela! Ela...
Meu celular tocou, havia recebido uma mensagem.
Jessica: É DELA!
Abri correndo a mensagem, Caio parecia ter ficado aliviado.
"Sua amiga está nos fundos da escola. Anonimo(a)."
Jessica: Ou não...
Caio me olhou sem entender, mostrei a mensagem a ele.
Caio: Precisamos ir la AGORA.
Concordei com ele, colocamos nossa mochila no mesmo lugar que tínhamos deixado na aula de educação física e saímos correndo até os fundos da escola, quando chegamos, não havia nada.
Jessica: Cade ela?
Percebi que ele estava olhando tudo, procurando por todos os lugares, então fiz o mesmo, de repente eu gelei. Fiquei ali parada observando, não conseguia nem chamar ele, ele me viu e foi até mim
Caio: O que f...
Percebi que ele também não sabia como reagir. Lucilla, minha melhor amiga desde a infância, irmã de Caio, estava ali, desmaiada (era o que esperávamos) e sangrando. 
Jessica: Pega ela, vamos naquela farmácia perto do ginásio, eu pego as nossas mochilas. Eles devem fazer alguma coisa, pelo menos chamar uma ambulância.
Ele fez que sim com a cabeça, pegou a Lucilla no colo e saímos correndo. No caminho cruzamos com Laura, Leticia e Chantelle. Percebi que quando viram Caio com Lucilla, começaram a rir. Leticia "discretamente" colocou o pé na minha frente para eu tropeçar, o qual eu chutei tão forte que ela se desequilibrou e acabou caindo. Caio olhou pra trás para ver o que estava acontecendo e eu sai correndo, e ele veio atrás. Quase fomos atropelados, chegamos na enfermaria e gritei pra mulher que estava no balcão.
Jessica: POR FAVOR NOS AJUDA
Ela olhou pra Lucilla e arregalou os olhos. Foi pra dentro e chamou alguém, que já estava ligando pra algum lugar, esperava eu, que fosse pra uma ambulância.
Mulher que falava no telefone:  Querem um hospital publico ou particular?
Caio e Jessica: Particular.
Não demorou muito pra uma ambulância aparecer na porta da farmácia. Caio entrou primeiro, eu estava entrando quando escutei alguém gritar, e tinha certeza que era comigo, era a Leticia.
Leticia: TA FELIZ?! EU TORCI MEU PÉ POR SUA CAUSA!...
Provavelmente ela falou mais alguma coisa, mas eu entrei na ambulância antes, então não escutei.
Médico: Caso isso deixe vocês felizes, ela só esta desmaiada. Porem sofreu grandes ferimentos, ela terá que passar pelo menos uma noite no hospital.
Eu e Caio concordamos com a cabeça.
Chegamos no hospital, o médico pediu para ficarmos na sala de espera que ele logo nos daria noticias da Lucilla. Esperamos por mais de uma hora, pelo menos meus pais não estavam em casa por duas semanas, estavam viajando a trabalho. De repente o mesmo médico que vinha na ambulância com a gente, apareceu.
Médico: Ela ainda não acordou. Ela perdeu muito sangue, aparentemente foi vitima de agressão. Acho que seria bom ela ficar duas semanas aqui. Vocês são parentes dela?
Caio: Sou o irmão dela.
Jessica: Sou a melhor amiga dela.
Médico: Qual o nome de vocês?
Caio: Caio.
Jessica: Jessica.
Médico: Caio, você poderia me passar o telefone de seus pais para que eu possa avisar como esta a situação?
Caio: Não acho que seja muito útil. Meus pais não estão nesse país agora doutor. Eles estão viajando a trabalho e só voltarão lá pelo ano novo.
Médico: Oh... isso é um pouco estranho, mais entendo. Tudo bem. Se vocês quiserem ir pra casa podem ir. Podem voltar quando quiser.
Caio: Ok.
Não falei nada.
Médico: Vocês querem que eu chame um táxi?
Eu ia dizer que não precisava, mas Caio disse que sim. Eu ia ficar devendo o Caio, não tinha dinheiro pra pagar um táxi. Enquanto o médico ia chamar um táxi, eu e Caio fomos pegar nossas mochilas.
Médico: Vocês vão precisar de dinheiro pro táxi.
E nos deu 50$
Caio: Não precisa doutor, eu tenho dinheiro.
Médico: Eu insisto.
O médico insistiu muito, não teve jeito de recusar. O táxi não demorou muito, entramos no banco de trás, Caio falou o meu endereço para o motorista e ele foi. Como Caio sabia meu endereço?
Eu estava realmente apavorada. Senti meus olhos se enchendo de lagrimas, e não sei, realmente não sei porque fiz isso, mas deitei minha cabeça no ombro de Caio. Ele não pareceu se incomodar. O táxi parou na frente do meu prédio, Caio pediu para o táxi esperar e desceu pra mim poder sair sem precisar dar a volta. Ficamos nos encarando.
Jessica: Então... é isso... até amanha?
Caio: ... Até ...
Me virei, torci pra ele não olhar pra mim, eu comecei a chorar, não conseguia mais aguentar. Tentei aguentar com todas as minhas forças. Mas ele percebeu.
Caio: Jessica!
Eu fiquei parada. Tentei responder com a voz mais normal possivel.
Jessica: O que?
Escutei passos. Senti alguém se aproximar. Ele me fez ficar de frente pra ele e me abraçou. Eu comecei a chorar mais ainda, e ele me abraçar mais forte ainda.
Caio: Vai ficar tudo bem ok?
Jessica: Uhum.
Ficamos abraçados ali mesmo, por um tempo.
Motorista do táxi: OOOOOOWN QUE BONITO, O AMOR É LINDO. AGORA VAMOS NEGO QUE EU TO COM PRESSA, TEMPO É DINHEIRO. PEC PEC PEC.
Nos olhamos e começamos a rir. Nos despedimos mais uma vez e então eu entrei no prédio, e ele no táxi.
Porteiro: É teu namorado?
Jessica: O que? Claro que não. 
Porteiro: Teu pai vai adorar saber que você ta voltando a essa hora, com um garoto.
Olhei pro relógio, 23:56.
Jessica: Ele é só um amigo. Irmão da minha melhor amiga, a Lucy, lembra dela?
Porteiro: Lembro.
O porteiro era meio idoso, mas um velhinho bem legal. Eu sabia que se eu pedisse, ele não falaria pro meu pai. Também sabia que meu pai pedia pra ele ficar de olho em mim quando ele e minha mãe viajavam. Mas eu não me importava. Meus pais não viajavam tanto quanto os da Lucilla, mas viajavam muito. Então eu e o Seu José (o porteiro) eramos bem próximos, eu o considerava meu segundo pai.
Coloquei minha mochila no chão e sentei numa das cadeiras ali da recepção.
Seu José: Aconteceu alguma coisa Jess?
Jessica: Muita coisa.
Contei pra ele desde o inicio do dia, porque o que havia acontecido desde o começo do ano ele já sabia.
Seu José: Realmente não sei o que dizer... E esse garoto que veio com você é irmão da Lucilla, que estava no hospital com você? É isso?
Jessica: Exatamente.
Ficamos calados por um tempo. Olhei para o relógio. 00:38.
Jessica: Seu José, vou dormir. Até amanha.
Seu José: Boa noite Jessica. 
Jessica: Boa noite.
Abracei ele.
Subi pro apartamento, abri a porta e nem tirei o uniforme. Foi eu cai na cama que já apaguei. E mais um dia terminou.





Médico: É, ela parece ser batalhadora. Também parece ter tentado se defender. Ela é forte.




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Ah e vocês tem visto que tenho atualizado com frequência aquele post que tem um resumo e tal? Se não tiverem visto, cliquem aqui.