quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Anjos Caídos - Capitulo 4: A primeira luta

Era meu aniversario de cinco anos. Era a primeira vez que eu estaria totalmente sozinha nessa data. Não muito diferente dos outros anos, afinal, minha mãe nunca se preocupou em comemorar. Eu havia comprado um pedaço de bolo, e uma vela. Só pra não passar em branco mesmo. Quando eu acendi o fosforo, eu senti alguém me puxando pra trás, eu levei um super susto e acabei deixando cair o fosforo aceso em cima da mesa. A mesa era de madeira, e começou a pegar fogo muito rápido. Olhei para todos os lados, mas não havia ninguém la. Eu também não sabia o que fazer, eu tinha certeza que o fogo iria se espalhar pro resto da casa e eu iria morrer ali mesmo. Eu não tinha a minima ideia do que fazer para evitar, então fiquei sentada no chão, encostada na parede perto da porta. Eu ia começar a chorar. Todos dizem que não tem medo da morte, mas dizem isso porque nunca a encararam de frente. Era a segunda vez que isso acontecia comigo. O fogo se espalhou tanto que eu tinha certeza que dessa vez não iriam me ajudar. Eu encostei minha cabeça no joelho, só esperando as chamas me devorarem, mas quando olhei de novo, a cozinha estava em perfeito estado. Aquilo... era um sonho?



Meiling: Sabe... Depois que você me deu esse colar, eu tenho tido algumas sensações estranhas, como se eu soubesse que algo vai acontecer, mas não exatamente o que. Eu sempre senti isso na verdade... Mas nunca tão forte.
Ficamos em silencio por alguns minutos. Eu estava um pouco nervosa, com medo talvez.
Meiling: Acho que vou dar uma volta por ai...
Pulei da arvore, e fiz minhas asas aparecerem.
Meiling: Quer vir comigo?
Ele pareceu ficar pensativo, demorou pra me responder. Acabei começando a alçar voo sem ele. Quando eu estava numa altura onde provavelmente ninguém conseguiria me ver, ele apareceu do meu lado.
Matthew: Vamos.
Ele só precisou terminar de falar para algo me atingir. E não, não era um pássaro. Eu comecei a cair, eu ia cair exatamente dentro do rio. Eu não conseguia controlar minhas asas, não conseguia voltar a voar. Matthew me segurou antes de eu cair no rio, pousando na beira do mesmo e me colocando no chão. Eu estava um pouco tonta e me segurei nele pra não cair.
Meiling: O que foi isso?
Matthew apenas sussurrou pra mim
Matthew: Mostre que não perdi tempo te ensinando. Use o que você aprendeu.
Eu não entendia por que ele estava dizendo aquilo, mas depois de dizer, ele se afastou. Fiquei um pouco assustada com a reação dele. O que diabos estava acontecendo afinal? Um raio acertou uma arvore próxima. Eu gritei de susto. O tempo começou a ficar nublado, parecia que o mundo ia acabar, e o vento estava cada vez mais forte, cada vez mais gelado, e eu estava ficando cada vez mais apavorada. Resolvi ir embora dali o mais rápido possível, mas quando eu me virei dei de cara com Mi-cha amordaçada, e Angelo ao lado dela, rindo. Eu não sabia direito como reagir.
Meiling: MI-CHA!
Resolvi correr até ela, mas quando me aproximei, Angelo me atacou, e eu acabei indo parar na mesma arvore que o raio tinha atingido. Desde quando ele sabia executar feitiços? Mi-cha nunca havia me falado isso. 
Eu me levantei com dificuldade. Ele brincava com o cabelo dela, ela parecia agoniada. Ela também estava chorando.
Angelo: Então, vamos analisar essa situação. Você é apenas mais uma garota idiota, da qual eu só preciso um pedaço da alma. Vamos resolver isso de uma vez, me de logo isso e eu deixo sua amiga em paz.
Fiquei mais assustada ainda. Dar o que?!
Ele começou a se aproximar
Angelo: Quer mesmo arriscar a vida da sua amiga? Ela não é como uma irmã mais nova pra você? Você não devia proteger sua irmã?
Não o respondi. Quando ele se aproximou o suficiente eu tentei ataca-lo, assim como o pai de Mi-cha me ensinava. Não deu muito certo, mas consegui desviar de alguns ataques pelo menos.
Angelo: Que gracinha, acha mesmo que consegue me derrotar?
Resolvi tentar usar um dos ataques que eu havia aprendido no dia anterior, seria a primeira vez que eu usaria magia, não sabia ao certo o que poderia acontecer.
Meiling: LUX IMPERIUM!
Eu consegui lança-lo bem longe, fiquei impressionada com a minha força, mas procurei não demonstrar isso.
Angelo: Ah... Garota estupida.
Ele atacou novamente, dessa vez com mais força, mas não foi em mim, e sim em Mi-cha. Ela caiu dentro do rio. Ela não sabia nadar, e mesmo que soubesse não conseguiria.
Meiling: SEU IDIOTA!
Ele começou a rir.
Angelo: Até breve.
Um raio atingiu o local que ele estava, e foi assim que ele sumiu. 
Agora eu tinha que salvar Mi-cha. Quando eu ia pular no rio, alguém segurou meu braço.
Matthew: Você lutou muito bem.
Meiling: SEU... Não. Não posso brigar com você agora, eu preciso salvar Mi-cha.
Eu ia pular mas ele pulou antes. Eu não conseguia acreditar que ele realmente estava fazendo aquilo. Eu estava segurando minhas lagrimas. Primeiro ele me deixa sozinha, depois Mi-cha aparece daquele jeito, e agora ele a salva? O que estava acontecendo afinal? Por que ninguém contava? Eu estava perdida no meio dos meus pensamentos, até que ele apareceu com Mi-cha no colo. Resolvemos leva-la pra minha casa. Fomos voando, afinal, o que os vizinhos iriam dizer vendo nós três chegando daquele jeito? Mi-cha estava com medo, mas impressionada. Pousamos na sacada do meu quarto. Ela estava chorando muito.
Meiling: Ele... te machucou muito?
Ela apenas me abraçou. 
Meiling: Você vai passar a noite aqui, esta bem?
Ela concordou com a cabeça, e eu sugeri que fosse tomar um banho. Notei que Matthew ia para algum lugar, só não sabia aonde.
Meiling: ONDE VOCÊ PENSA QUE VAI?
Ele se virou para me encarar.
Meiling: Você é um idiota.  
Comecei a empurra-lo. 
Meiling: Um completo idiota. Me deixou sozinha quando eu mais precisava. E se algo pior tivesse acontecido? 
Quando eu terminei de falar ele me segurou pelos pulsos, me empurrando contra a parede do quarto.
Matthew: Se algo pior fosse acontecer, eu te salvaria.
Aparentemente ele estava falando a verdade. Não consegui mais segurar as lagrimas, comecei a chorar ali mesmo. Ele me soltou.
Meiling: SAI DAQUI!
Eu estava nervosa, super nervosa.
Matthew: Acha mesmo que eu vou te deixar sozinha depois de tudo isso?
Meiling: SAIA AGORA!
Ele ficou me encarando. Eu não sabia o que fazer pra ele sair. Eu não queria mais a presença dele ali. Eu não sentia que podia confiar nele, não mais. 
Ficamos nos encarando, até que ele foi.
Sentei na cama, esperando Mi-cha sair do banho. Ela saiu um pouco tempo depois. Ficamos conversando, tentando esquecer o que tinha acontecido, mesmo sabendo que isso não era muito possível. Quando ela dormiu, resolvi ligar para a mãe dela. Ela devia estar super preocupada. Ela demorou tanto pra atender que eu estava quase desistindo.
Mãe de Mi-cha: Alô?
Meiling: Hã... oi, alô?
Mãe de Mi-cha: Quem tá falando?
Meiling: Eu. Quer dizer, Meiling.
Mãe de Mi-cha: MEILING!
Ela parecia surpresa e preocupada.
Mãe de Mi-cha: Ah Meiling! Você viu Mi-cha? O que aconteceu com ela?
Tentei começar a rir pra disfarçar
Meiling: Ah, eu estava indo pra casa de vocês hoje e acabamos nos encontrando e viemos pra minha, ficamos assistindo filme até agora pouco... Ela acabou de dormir, e só lembrei de ligar pra avisar agora. Espero que nós não tenhamos te deixado muito preocupada.
Ela ficou um pouco em silencio.
Mãe de Mi-cha: Não... Não se preocupem. Mãe é mãe. Agora vá dormir.
Ela desligou o telefone. Ela parecia estranha.
Voltei pro meu quarto, Mi-cha estava dormindo na minha cama. Fui até a sacada apreciar a noite, fazia muito tempo que eu não a admirava. Olhei para baixo e vi uma sombra. Fiquei assustada, será que Angelo queria uma revanche? Desci. Eu me arrependi assim que desci. Estava muito frio. Comecei a procurar pela sombra, mas eu não achava nada. Olhei pro lado e vi Matthew adormecido, no canto da parede da minha casa, embaixo da sacada. Meus olhos se encheram de lagrimas de novo. Ele realmente iria me proteger. Voltei pra dentro da casa e peguei uma coberta. Desci novamente e fui até ele, e o cobri com a coberta. Fiquei olhando um pouco pra ele, e depois resolvi ir dormir. Voltei para o meu quarto, tomei um banho, e deitei na cadeira de balanço que tinha no meu quarto.
Acordei com Mi-cha me chamando, e a coberta que eu havia colocado em Matthew sobre mim.
Mi-cha: UNNIE! Acorda! O café da manhã ta pronto!
Ela sorriu. Como ela podia estar tão feliz depois de tudo o que aconteceu? Assim que ela notou que eu acordei, ela me fez levantar. Ela foi tomar banho. Eu ainda estava meio sonolenta, e desci ainda de pijama. Matthew estava apoiado no balcão, aquele que dividia a cozinha e a sala. Ele estava comendo alguma coisa.
Matthew: Bom dia!
Ele estendeu um prato com panquecas pra mim. Aquilo estava parecendo coisa de filme. Me sentei no outro lado do balcão e peguei o prato.
Respondi ainda com sono
Meiling: Aham.
Peguei um garfo e comecei a comer. Ficamos em silencio por um tempo. Resolvi tentar quebrar o gelo, mesmo com a probabilidade de levar uma patada.
Meiling: Você cozinha muito bem...
Ele sorriu.
Matthew: Eu contei para Mi-cha.
Tentei imaginar a reação dela. Mas não sabia se ela ficaria assustada ou empolgada.
Meiling: Como ela reagiu?
Matthew: Ela deve ter achado estranho no começo. Mas eu já a avisei para não falar sobre isso com ninguém, além de eu e você, mas só se for muito necessário.
O silencio tomou conta de novo. Ele pareceu ficar pensativo, e dessa vez ele começou falando.
Matthew: Mei...
Ainda era estranho ele me chamando de Mei. A unica pessoa que me chamava assim era a Mi-cha, raramente.
Matthew: Eu preciso te contar uma coisa. Mas você tem que me prometer que não vai ficar brava comigo, ou até mesmo parar de confiar em mim. Só quero te dizer isso mesmo, para caso ocorra de você acabar descobrindo de outro jeito, não termos problemas, ok?
Concordei com a cabeça.
Matthew: Aquele cara que atacou você, que atacou Mi-cha, se chama Azazel.
Continuei  concordando com a cabeça e comendo, para ele saber que eu estava prestando atenção em cada palavra.
Matthew: E podemos dizer que... eu seja um servo dele.
Me engasguei.



Minha mãe havia me obrigado a virar um aliado, um servo, do assassino de meu pai. Ela dizia que eu deveria seguir o mesmo caminho que ele. Eu sempre a questionava, perguntando o porque daquilo, mas ela dizia que me explicaria quando eu fosse mais velho, pois agora eu não entenderia. 
Azazel havia me levado para aprender algumas coisas. Era como se ele quisesse substituir o lugar do meu pai, tentando fazer com que parecesse que tudo o que eu havia aprendido estava errado, e só o que ele ensinava era certo. Eu sabia que era errado, mas fingia concordar. Meu pai era meu mestre, e ninguém poderia tirar esse lugar dele. 
Estávamos na casa da garota que meu pai salvou, ele a enfeitiçou , para que ficássemos invisíveis aos olhos dela. Aparentemente era aniversario dela. Ela ia acender uma vela. Quando acendeu o fosforo, Azazel a puxou pra trás pelo pulso, fazendo com que ela se assustasse e derrubasse o fosforo. Ele ficou olhando e rindo, até que o fogo se espalhasse um pouco. Depois que ele já estava satisfeito vendo a garota desesperada, ele resolveu que devíamos ir embora.
Azazel: Vamos?
Eu estava assustado. Como uma pessoa em sã consciência podia fazer aquilo? 
Matthew: Pode ir... Eu vou daqui a pouco...
Ele pareceu desaprovar minha decisão. Resolvi falar algo para pelo menos tentar engana-lo e ele me deixar ali.
Matthew: Quero vê-la sofrer mais um pouco. Isso é tão... divertido.
Dessa vez ele sorriu, e foi embora, me deixando sozinho ali.
Aproveitei a oportunidade para tentar fazer o fogo sumir. Não era nada fácil  ainda mais pra alguém da minha idade. Mas consegui. Eu estava totalmente cansado, como se eu tivesse usado todas as minhas forças. Resolvi voltar pra minha casa.


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