sábado, 31 de maio de 2014

[CENTÉSIMO POST] Capítulo especial

Como o próprio título já diz, este é o centésimo post do blog. Claro que eu não podia deixar passar em branco.
Para comemorar (para mim, isso é uma grande conquista), farei uma história de capítulo único, com a maioria dos personagens das minhas histórias (Minha Nova Vida, Anjos Caídos, Um Novo Level e Suspect) juntos. 
Quero lembrar que este capítulo não vai interferir nas outras histórias, é um especial.
A narração será feita em terceira pessoa, pois, como cada história tinha seu narrador, o trabalho para dividir como em Um Novo Level seria enorme.
Este post contém spoilers.
Sobre a idade dos personagens: eu resolvi que alguns envelheceriam, e outros não. Os personagens de Minha Nova Vida, estarão com a mesma idade (12 anos, por ai); Os personagens de Anjos Caídos, estarão um tanto mais velhos, já tendo até mesmo filhos; Os personagens de Um Novo Level estarão na época em que procuravam algo que pudesse leva-los para casa; Os personagens de Suspect estarão na idade do início da história, já que ainda não houve nenhum desenvolvimento que explicasse mais sobre a vida deles no dia a dia.


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Charlotte já não sabia mais onde estava, mas isto não era importante no momento. Depois de anos de procura, ela finalmente achara Cristopher.
Ele corria rápido o suficiente para Charlotte quase perdê-lo de vista. Não sabia se estava fugindo dela ou de outro alguém.
Cristopher sumira de vista. Charlotte percebera que estava muito afastada da cidade. Olhando em volta, notou que estava em meio a uma ladeira. Suspirou.
O cansaço começou a domina-la, e quando pretendia tentar se sentar, alguém a empurrou. Não conseguindo ver ao menos o rosto de quem praticara tal ato, Charlotte sentiu a dor de alguns machucados sendo feitos. Agora, estava tão cansada que mal podia abrir os olhos. Sentiu o toque da água em uma de suas mãos. Supondo que caíra na beira de rio, desmaiou.
Algumas horas depois, acordara com um grito.
Alguém: MATTHEW!
Era uma voz feminina. 
Ainda tentando lembrar do que havia acontecido, percebeu que agora estava num lugar desconhecido. Um tipo de caverna. 
Olhando para seus braços, notou que todos os machucados que sentira ao cair, não estavam ali. Haviam misteriosamente desaparecido.
Ao tentar se levantar para procurar uma saída, foi parada por correntes. Só então, notou que em seus pulsos haviam dois braceletes de prata com correntes, que se prendiam até a parede.
Alguém: Como você pôde prendê-la assim? Ela não fez nada ainda. Você só precisava cura-la.
Olhando para onde a voz se seguia, viu um garoto, provavelmente o tal Matthew, conversando com uma asiática. Seus cabelos eram tingidos com uma cor avermelhada, mas próximo de um castanho.
Matthew: Eu só quis me prevenir, tudo bem? Ela estava armada, poderia nos atacar. Você estaria preparada para um ataque surpresa? Principalmente de alguém que nem sabemos o tamanho da força?
Charlotte pensou em conferir, para ter certeza que haviam lhe tirado as armas, mas não queria fazer nenhum tipo de barulho.
Ela abriu a boca para dar uma resposta, mas foi interrompida por uma segunda voz feminina.
Outra voz: MATTHEW!
Ele suspirou. Procurando evitar repetir as últimas falas, Charlotte notou que ele começara a andar em sua direção.
Matthew: Ela acordou.
Tentando não demonstrar medo, permaneceu em pé e parada até Matthew se aproximar. 
Matthew: Seja sincera, e então você pode sair daqui como se nada tivesse acontecido, certo? 
Ela preferiu não responder.
Matthew: Tudo bem. Vamos começar com uma pergunta fácil... Quem é você?
Charlotte, permanecendo em silêncio, deixava Matthew cada vez mais irritado.
Matthew andou um passo para trás, claramente estressado.
Matthew: Vamos tentar mais uma vez... Quem é você?
As duas garotas estavam encostadas em uma das paredes, observando tudo atentamente.
Com um suspiro, ele se afastou mais um passo, e então ergueu sua mão. As correntes começaram a brilhar de uma maneira mágica. Ela começara a sentir medo. Matthew lentamente fechava sua mão, ainda erguida. Charlotte notou que os braceletes começaram a ficar cada vez mais apertados. Logo, as correntes também se encurtariam. A dor começou a incomoda-la. Matthew sorriu.
Matthew: Eu posso ficar aqui o dia inteiro. Mas... creio que você não vai querer isto...
Charlotte tentava conter um gemido.
Matthew: Creio que você irá cooperar conosco...
Estava claro que ela não falaria nada até ser realmente necessário. Matthew, visivelmente irritado, apertava cada vez mais as correntes. Logo, elas começariam a machucar Charlotte seriamente.
Outra voz: Matthew. Chega.
Ele se virou para encara-la. A asiática caminhou até Charlotte, e Matthew andou até a garota que o mandara parar. Eles começaram a sussurrar, e a garota observava Charlotte de perto.
Charlotte tentava esconder sua dor o máximo possível.
Alguém: ... Oi?
Ela sorriu.
Alguém: Você não precisa ter medo de nós. Eu sou Mi-cha, e aquela é Meiling.
Ela apontou para a outra garota. 
Mi-cha: Obviamente, você já conheceu Matthew.
Charlotte estava desconfiada.
Mi-cha: E você? Quem é você?
Charlotte pensou duas vezes antes de responder. Não sabia quem ou o que eles eram. Se descobrissem sua identidade, não fazia a minima ideia do que aconteceria depois. Por outro lado, os braceletes estavam realmente a machucando.
Ela preferiu arriscar.
Charlotte: Charlotte.
Sua resposta saiu num tom baixo, quase que inaudível.
Mi-cha: Como?
Charlotte: Charlie... Char... lotte.
Ela lutava para se livrar das correntes, mas era cada vez mais impossível.
Mi-cha estava um tanto brava com tal atitude do garoto.
Mi-cha: Matthew, solte-a.
Ele se aproximou.
Matthew: Me dê um bom motivo para isso.
Matthew encarava Charlotte com um olhar de fúria.
Uma mão tocou seu ombro. Matthew se virou e deu de cara com Meiling.
Matthew suspirou, e então com um rápido movimento das mãos, fez com que Charlotte fosse libertada.
Charlotte caiu no chão, e rapidamente tocou seus pulsos, tentando fazer com que a dor fosse embora por meio de massagens. 
Mi-cha se agachou, ficando na mesma altura que ela. 
Os outros dois fizeram o mesmo.
Meiling: Então, o que estava fazendo por aqui?
Lágrimas enchiam os olhos de Charlotte, mas ela se recusava a chorar. Preferiu responder de maneira sincera, tentando evitar contar detalhes que considerava desnecessários, como o dela ser uma assassina.
Charlotte: Eu estava atrás de um amigo que eu não via há muito tempo. Ele estava fugindo de algo, e ele acabou sumindo quando cheguei na ladeira. Eu... estava cansada... iria me sentar... 
Ela fez uma pausa, e a cena se repetia em sua mente.
Charlotte: Eu admito que já estava fraca e também não sabia onde estava. Foi quando senti alguém me empurrar. Eu lembro de ter sentido diversos machucados sendo feitos durante a caída. Eu lembro de não conseguir se quer abrir os olhos... E eu sentia a água...
Um garoto entrou correndo no local, parecia um tanto preocupado. Não notara sua presença.
Um garoto: Tem mais alguém se aproximando.
Enquanto os três se levantavam, Mi-cha sussurrou.
Mi-cha: Este é Nicholas...
Ela sorriu, e então estendeu a mão para ajudar Charlotte se levantar.
Meiling: Esconda-a.
Mi-cha fez um sinal positivo com a cabeça. Pegando uma espada próxima a uma pedra, Mi-cha guiou Charlotte até uma rocha. As duas se esconderam ali.
Nicholas descrevia quem se aproximava.
Nicholas: São três garotos e uma garota. Todos armados. Dois com espadas e um deles, não tenho certeza, mas acho que é magia. A garota está com flechas.
Matthew: Mei, consegue lutar com os dois de espadas?
Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça.
Matthew: Nicholas, cuide da arqueira. Eu fico com o mago.
Eles iam para suas posições, quando Meiling se manifestou.
Meiling: Esperem. Não machuquem ninguém. Matthew.
Ele suspirou, mas concordou. Todos foram se esconder.
Charlotte sussurrou para Mi-cha.
Charlotte: Espere... Me devolvam minhas armas. Eu posso ajudar.
Mi-cha estava séria, olhando para a entrada da caverna atentamente.
Mi-cha: Não posso fazer isso.
Charlotte: Mas...
Mi-cha pediu silêncio, e Charlotte se calou.
Não demorou muito para o grupo descrito por Nicholas aparecer. Eles estavam atentos a todos os movimentos. 
Ninguém os atacou, e então eles saíram de suas posições. 
Matthew e Meiling atacaram como o combinado, deixando a arqueira sozinha. Nicholas surpreendeu a garota, imobilizando e desarmando-a. 
Em poucos minutos, os quatro estavam presos apenas por uma corda em seus pulsos e pernas.
Charlotte não viu para onde suas armas foram levadas, mas tinha certeza que era para o mesmo lugar que as dela.
Mi-cha e Charlotte saíram do esconderijo, indo em direção ao circulo que se formava ao redor dos recém "prisioneiros".
Matthew suspirou.
Matthew: E vocês, quem são?
Um dos garotos: Eu sou o Holstenan. Este é o Mahoma, e este é o Kalestri. Ela se chama Luna.
Holstenan estava claramente nervoso. Mahoma tentava não xingar o companheiro.
Matthew: O que estavam fazendo aqui?
Os colegas lançaram um olhar de ódio para Holstenan, tentando mantê-lo em silêncio.
Meiling, ao notar que Matthew iria partir para algum tipo de agressão, o segurou.
Meiling: Pare com isso. O que deu em você hoje?
Ele permaneceu calado.
Mi-cha ficou com a tarefa de fazê-los contar algo, e Charlotte ficara com ela.
Enquanto isso, Meiling afastara Matthew do grupo.
Meiling: Você está bem?
Matthew: Por que não estaria?
Meiling: Matthew... Nós já passamos por isso. Você sabe que...
Ela foi interrompida por Mi-cha. Meiling percebeu que Charlotte ficara com os outros.
Mi-cha: Consegui.
Matthew: Dessa vez foi mais rapido.
Mi-cha: Realmente. Eles dizem ser de outro planeta... Guilenor. 
Meiling: Mi-cha, já não passamos dessa idade?
Mi-cha: Eles estão falando a verdade. Aquele garoto, Holstenan... Ele estava totalmente desesperado. O outro, Mahoma, disse que estavam procurando um portal, e acidentalmente vieram parar aqui.
Meiling: Na Terra? Eu devo mesmo acreditar nisso?
Mi-cha: Sim. Parece que eles não tinham certeza de onde estavam. Mahoma e Luna são daqui, e outras duas amigas deles também.
Matthew: Não farão nenhum mal, suponho.
Matthew caminhou até eles e os soltou.
Matthew: Vocês devem descansar.
Eles se entreolharam, provavelmente assustados.
Charlotte: De qualquer forma, eu irei embora. Aproveitem a estadia. 
Ela se levantou.
Matthew: Você deve ficar também.
Charlotte o encarou.
Meiling: Ele está certo. Você não está totalmente recuperada, pode acabar se machucando novamente se tentar voltar para casa agora. E também, já está escurecendo. É perigoso.
Charlotte percebeu que Meiling estava certa. Sorriu de maneira tímida, e então se sentou perto dos recém chegados.
Algumas horas depois, todos adormeceram.
Meiling acordara no meio da noite. Olhou ao redor, e viu Nicholas e Mi-cha dormindo lado a lado. Pegando sua coberta, foi até o lado de fora da caverna.
Meiling: Está frio.
Dando sua coberta para Matthew, se sentou ao lado dele. Era fácil notar que estava preocupado. Havia anos que Meiling não o via assim.
Os dois encaravam um rio.
Matthew: Eu não quero acabar como o meu pai. Se ao menos... eles fossem mais novos...
Sua voz estava trêmula.
Matthew: Mas... eles precisam de nós. Se algo acontecer com qualquer um...
Ele fez uma pausa. Os olhos de Meiling começaram a ser dominados pelas lágrimas, mas ela se recusava a chorar.
De repente, Matthew ficou sério.
Matthew: Ele nunca deveria ter fugido. Ele foi selado. A magia utilizada foi forte o suficiente para aprisiona-lo por alguns séculos. Só existe uma maneira...
Ele ficou pensativo.
Meiling: Qual?
Matthew: Se alguém o libertasse.
Meiling: Mas o lugar no qual o escondemos... era fisicamente impossível alguém conseguir pega-lo.
Matthew: Não. Existe um método. Mas não pensei que alguém o usaria.
A expressão de Meiling agora era de surpresa, enquanto a de Matthew era de desespero e preocupação. 
Meiling: Matthew...
Seus olhos se encontraram.
Meiling: Nós vamos conseguir.
Eles sorriram de maneira determinada.



Jessica: Você ao menos sabe onde estamos?
Caio fez um sinal negativo. Jessica suspirou.
Jessica: Lucy...
Os irmãos pararam para encarar Jessica.
Jessica: Podemos parar?
Lucilla: Não até descobrirmos onde estamos. Se Caio não tivesse derrubado aquela garota... Poderíamos ter pedido informações.
Caio: Eu tenho quase certeza que ela estava armada.
Lucilla: Exato. Quase. E se não estivesse? De qualquer forma... Ela deve estar gravemente ferida, provavelmente inconsciente agora... Se não estiver morta.
Jessica: Vocês viram aquilo?
Novamente, os dois olharam para Jessica.
Caio: O que?
Esperaram um momento.
Jessica: Eu podia jurar que tinha...
Jessica não conseguiu terminar a frase, pois o medo a dominou. Atrás de Caio e Lucilla, a figura sombria de um homem com gigantes asas negras, sorria de maneira assustadora.
Azazel: Vocês não devem andar sozinhos numa floresta, principalmente a esta hora, sabiam?
Caio e Lucilla se viraram e, assustados, ficaram imobilizados, assim como Jessica. 
Os olhos de Azazel ficaram totalmente negros, e então os três amigos desmaiaram.


O dia amanheceu para os grupos de amigos. Mesmo sendo nove, não foi difícil para que todos memorizassem os nomes de cada um. 
Quando todos já estavam bem acordados, Charlotte começou a se manifestar.
Charlotte: Acho que devo ir. Obrigada por cuidarem de mim.
Matthew: Você tem certeza? Vai ficar bem mesmo?
Ela afirmou.
Após a despedida, Charlotte saiu da caverna, e foi em direção a ladeira. Tomaria mais cuidado desta vez.
Algum tempo depois, os amigos de Guilenor também resolveram voltar para seu mundo, mas para isso, precisaram da ajuda de Matthew para reabrir o portal que os levara até a Terra. Foi uma tarefa fácil, no entanto.
Meiling, Matthew, Mi-cha e Nicholas estavam sozinhos novamente. Poderiam então, voltar a sua missão: salvar seus filhos de Azazel.
Foi quando Nicholas estava na beira do rio, quando o brilho de uma pedra chamou sua atenção. Ao pega-la, ela começou a virar um tipo de lamina. Jogou-a de volta na água, e então uma fumaça negra começou a sair do objeto. Nela, era possível ver um menino e duas meninas, amarrados e desmaiados. Era difícil ver seus rostos, mas ele tinha certeza. Correndo o mais rápido possível, voltou a caverna e contou o que havia visto para os outros. 
Matthew: Não é algo impossível. Mas... E se for uma armadilha?
Mi-cha: Não podemos arriscar a vida de nossos filhos. E se não for?
Eles ficaram pensativos.
Meiling: Matthew... Mais cedo, você havia dito que quando um demônio é libertado, ele fica mais fraco... certo?
Matthew: Dependendo do tempo, sim. Mas eu não sei se passou tempo o suficiente para ele ter enfraquecido consideravelmente.
Meiling: Vamos tentar. Ao menos teremos alguma pista, se for uma ilusão.
Todos concordaram em ir até a moradia de Azazel, mesmo que estivessem com um pouco de medo.
Matthew abriu um portal perto do local, e então os quatro foram andando até o provável lugar que estava seus filhos.
A entrada da caverna estava trancada por uma magia fraca, que, de inicio, eles estranharam. Com um golpe, Meiling abriu a passagem.
Longe, viram duas garotas e um garoto estirados no chão. Até então, sem nenhum ferimento. 
Matthew lançou um leve golpe mágico, para garantir que não havia alguma armadilha. Nada aconteceu. 
Se aproximaram lentamente. Se agachando, Meiling e Mi-cha tocaram o rosto de uma das garotas.
Meiling: Matthew...
Ele se virou.
Matthew: Não são eles.
Agora, os olhos de todos estavam começando a ser dominados pelas lágrimas.
Escutaram o som de deslizamento de rochas, que bloquearam a saída da caverna. Matthew tentou perfurar as rochas com magia, mas elas estavam protegidas da mesma forma.
Nicholas: O que devemos fazer agora?
Matthew olhou ao redor. Sentou-se no chão.
Matthew: Esperar.
Algumas horas depois, Jessica, Lucilla e Caio acordaram.
Se levantaram, e as cordas que prendiam suas mãos sumiram misteriosamente. Em silêncio, caminharam em direção a saída bloqueada. Era como se estivessem hipnotizados. Os outros quatros observavam tudo atentamente.
Um por um, tocaram as pedras. As rochas abriram uma saída, e então eles saíram. 
Ao sair, um barulho assustador de pedras caindo se repetiu, dessa vez pior. Perceberam então, que a caverna estava desmoronando. Sem ter o que fazer, Mi-cha abraçou Nicholas, e Meiling fez o mesmo com Matthew.
Provavelmente, aquele seria o fim.