domingo, 31 de janeiro de 2016

Suspect - Capítulo 16: Aconchego

16Mantenha a discrição em qualquer ocasião.

Acordei com uma dor de cabeça insuportável. Minha visão clareava aos poucos, mas ainda era difícil até mesmo pensar. Não lembrava o que tinha acontecido.
Olhei ao redor e percebi que estava sentada numa cadeira presa ao chão, algemada. Tentei usar a forçar para arrebentar as correntes, mas era inútil. Minha visão parecia piscar e eu começava a me sentir tonta novamente. 
A sala estava no mais profundo silêncio e notei que eu estava sozinha. Ainda não conseguia lembrar do que tinha acontecido, de como eu havia parado ali.
Minha visão voltou a escurecer e em poucos segundos eu já não enxergava mais. Sentia que iria desmaiar a qualquer segundo.
Ouvi tiros e vozes.
O som começava a ficar distante. Não. Eu estava ficando distante.
Os acontecimentos seguintes vieram como flashes.
Alguém disse "lá está ela". Era uma voz masculina.
Senti alguém tocando meu braço, mas a sensação sumiu logo em seguida. "Você vai ficar bem".
"Charlotte?". Eu queria responder. Não sabia quem era e isso deveria ter me preocupado, mas eu realmente queria responder. No entanto, não conseguia. Foi assim que percebi que não conseguia mover nenhuma parte do meu corpo.
"Ela não está respondendo"
"Vamos tira-la daqui...”.
Ouvi mais um tiro e então me perdi completamente.


Quando acordei novamente não sabia onde estava. Lembrava vagamente do que tinha ouvido antes de desmaiar pela segunda vez, mas só. 
Percebi que estava deitada numa cama que com certeza não era a minha. Me sentei, olhando ao redor.
A parede em frente era bege com uma televisão bem no meio, e as outras duas eram brancas.
Havia uma janela à esquerda e, embaixo dela, uma escrivaninha de madeira escura com alguns livros. Na parede oposta, um guarda roupa que terminava ao chegar na porta.
Não era algo luxuoso. Aconchegante, talvez, como uma daquelas casas de famílias felizes e enjoativas de seriados de TV de baixa qualidade.
Dando uma última olhada ao redor, resolvi me levantar. Senti uma pequena pontada de dor na cabeça mas ignorei. Procurei minha arma com os olhos até que lembrei que havia perdido antes de desmaiar pela primeira vez. As memórias começavam a voltar.
Andando o mais silenciosamente possível, saí do quarto. O que vinha em seguida era um pequeno corredor com uma escada de apenas três degraus. 
Conforme andava pude escutar mais claramente uma conversa vinda do próximo cômodo.
Encostada na parede, consegui reconhecer as vozes de Alexander e Todd.
Todd: Quando eu sugeri de trazê-la pra cá, foi para obter menos atenção, algo que ela se esforça para fazer há seis anos. 
Uma de minhas perguntas já havia sido respondida: aquela era a casa de Todd. Pude perceber uma pequena pontada de irritação em sua voz.
Alexander: Eu preciso ter certeza de que ela está bem.
O tom de Alexander era seco.
Todd: Por quê? Você se preocupa com ela ou só a está usando?
Alexander: É claro que eu me preocupo com ela. 
Todd permaneceu em silêncio por um momento. A tensão naquele lado era totalmente perceptível. 
Todd: Você tem medo que ela fuja.
Pude imaginar os dois se encarando com seus respectivos olhares mortais, os quais eu conhecia tão bem.
Alexander anunciou que iria para o quarto. Sua voz soou baixa, fria talvez. Foi nessa hora que resolvi me revelar.
Encontrei o delegado a caminho da escada.
Charlotte: Devo admitir que estou impressionada, nunca achei que veria os dois juntos. Pelo menos não com os dois vivos.
Todd: Charlotte.
Todd, que estava sentado num sofá azul de costas para a escada, se levantou quando ouviu minha voz. Alexander permaneceu no lugar em que havia parado, em silêncio.
Charlotte: Qual dos dois vai me contar a história?
Eles se entreolharam como em um desafio. Todd me guiou até o sofá e Alexander se sentou numa poltrona a frente.
Alexander: Do que você se lembra?
Pensei um pouco e minha cabeça voltou a doer levemente.
Charlotte: Não muito, acredito.
Aos poucos, contei sobre como havia encontrado uma menina que implorava por ajuda. Era difícil lembrar nomes. Mais lentamente do que eu gostaria, consegui concluir a história até a parte em que o homem me drogou, mas ainda não fazia ideia da substância.
Todd: Ash veio me procurar. Ela trouxe essa garota junto e não sabia bem o que fazer. Não podia deixar a menina no beco e achei que a melhor opção era o seu amigo. Ela deve estar na delegacia agora. Sabe, nós poderíamos ter cuidado de tudo, mas o seu amigo insistiu de levar toda a equipe para investigar.
Era incrível a repulsa que Todd sentia em apenas mencionar Alexander.
Charlotte: Ash está bem?
Todd: Sim. Ela voltou para o escritório depois de deixar a garota comigo.
Ficamos em silêncio por um momento.
Alexander: Já podemos voltar agora?
Jurei ter visto uma expressão de raiva passar pelo rosto de Todd, mas sumiu rapidamente.
Todd: Você sabe que pode ficar, certo? Não precisa ir agora, Charlotte. Você deve estar cansada.
Alexander: Depois de dormir dois dias diretos você ainda está cansada? O que você é? Um urso?
Não sabia bem como reagir.
Charlotte: Dois dias?
Alexander: É o resultado da sua péssima alimentação somado de seu péssimo hábito de dormir pouco. Não ficaria impressionado se você tivesse alguma doença terminal também, visto os lugares por onde você tem andado.
Todd: Cara, cala a boca.
Todd dissera o que eu pensava há anos. Alexander não respondeu. 
Charlotte: Eu acho que vou voltar. Você já fez muito.
Me levantei, com Todd logo atrás.
Charlotte: Aliás, alguém viu minha arma?
Os dois negaram. Suspirei.
Alexander e eu saímos, Todd disse apenas um "até" enquanto trocava olhares de ódio com o delegado.
Uma das viaturas estava parada em frente a casa e Alexander abriu a porta traseira para mim. Passei por ele, dando a volta no carro.
Charlotte: Quero ir na frente.
Pude vê-lo revirando os olhos.
Charlotte: Espero que fique cego.
Antes de entrar, não pude evitar destacar um simples fato relacionado ao seu breve sermão.
Charlotte: Já parou para pensar que é você que me alimenta? Se acha tão ruim, deveria arrumar algo melhor.
Pude ver o desgosto estampado em seu rosto enquanto entrava no carro.
No relógio do painel pude ver que já eram seis horas da tarde. Suspirei.
A volta até a delegacia foi silenciosa, com Alexander visivelmente nervoso. Pensei várias vezes em tentar puxar assunto, mas não parecia uma boa hora. 
Depois de pelo menos meia hora finalmente havíamos chego.
Antes de sair do automóvel tive que fazer uma última pergunta.
Charlotte: O que aconteceu com o homem?
Alexander me encarou de maneira firme.
Alexander: Morto. Quatro tiros.
Fiz um sinal positivo com a cabeça.
Charlotte: Ele merecia.
Saí da viatura um pouco nervosa. Por algum motivo era estranho voltar até lá sabendo que era onde eu iria passar o resto das minhas noites. Talvez eu estivesse me acostumando a desmaiar e acordar em quartos aleatórios.
Estava tudo normal quando entramos. Sem cerimônias, fomos direto para a sala de Alexander.
Ádna estava sentada na cadeira do delegado com quatro garotos mais novos ao redor dela. Um policial observava de braços cruzados, no canto. Ela chorava descontroladamente, enquanto as crianças tentavam consola-la. Foi então que eu entendi.
O homem havia dito que contaria o que havia feito com a mãe dela. Talvez ele não tivesse tido tempo de contar, mas, ela tinha descoberto. Eu não sabia o que era, especificamente, mas imaginava.
Deduzi que os meninos ao seu redor eram os irmãos de quem ela tinha comentado. Ádna era uma garota jovem, ainda menor de idade. Não fazia a menor ideia do que ela faria agora que perdera a mãe e o pai.
Ela nem se deu ao trabalho de nos encarar quando entramos na sala. Alexander sussurrou, como que em um aviso.
Alexander: Ela está assim desde que chegou. Só para de chorar quando dorme e não está comendo direito. Sugerimos de leva-la para o abrigo em que estão os outros que foram sequestrados, mas ela disse que não iria se você não aparecesse.
Ouvi tudo atentamente. Ela devia estar em choque.
Me aproximei lentamente. Nem mesmo as crianças haviam me notado. Tentei falar com a maior tranquilidade possível.
Charlotte: Ádna...
Ela me viu e se levantou correndo. Empurrando seus irmãos, veio apressada até mim e me abraçou. Lancei um olhar de súplica a Alexander, querendo que ele me dissesse o que fazer. Ele apenas deu de ombros.
Ádna começou a dizer várias coisas, a maior parte em sua língua nativa. Abracei-a mais forte e pude sentir dores em várias partes do meu corpo. Resolvi ignora-las.
Charlotte: Vou leva-la para o meu quarto. Cuide deles.
Alexander encarou as quatro crianças com um leve desespero. Quando me direcionou o olhar, dei de ombros.
Guiei Ádna para a porta oposta a da sala e a fiz se sentar numa das pontas da cama enquanto eu ia para a oposta. Deixei que ela se acalmasse sozinha e voltasse a falar meu idioma. Não demorara muito.
Quando ela finalmente se acalmou, o silêncio dominou por alguns minutos. A garota estava imersa em seus próprios pensamentos.
Ádna: Ele a matou.
Charlotte: Eu sei.
Ádna: Ele não fez só isso. Ele...
Seus olhos se encheram de lágrimas novamente.
Charlotte: Não precisa descrever se não quiser.
Ela me encarou, agradecendo.
Ádna: Ele fez tudo o que podia. Desde usa-la até... 
Ela não parecia acreditar no que estava falando.
Ádna: Eu recebi fotos. Poucas horas depois que cheguei aqui. Mandaram entregar anonimamente, mas eu sabia que eram dele. O corpo dela estava... Não. Não estava. Aquilo já não era mais um corpo, eram apenas pedaços de carne e ossos.
Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, mas ela ainda não havia se alterado. Pude sentir o mesmo nojo que ela enquanto ouvia os detalhes.
O silêncio voltou por algum tempo.
Eu sabia como era não ter pais. Conhecia a sensação de abandono, de solidão. A obrigação de ter que ser responsável quando sua maior preocupação deveria ser qual o próximo lápis de cor usar. Mas para ela devia ser pior, afinal, ela conhecera os pais, convivera com eles. Seu pai a havia abandonado. Sua mãe fora brutalmente assassinada. Ela e seus irmãos quase foram vendidos e só Deus sabia o que havia acontecido com eles durante esse tempo.
Charlotte: O que você vai fazer agora?
Ela pensou um pouco.
Ádna: Eu não sei. Acredito que vamos voltar para o nosso país, ainda temos uma tia lá.
Pude notar o pesar em sua voz.
Charlotte: Já tem algum plano?
Ela encarava o chão. Pude vê-la sorrir. Não era um sorriso enorme, mas um sorriso simples, talvez meio cansado.
Ádna: Sobreviver seria um bom começo.
Fiquei surpresa e a admirei por um momento. Mesmo com tudo o que estava acontecendo, com todas as perdas e todas as outras dificuldades, ela estava sorrindo. Ádna ainda conseguia sorrir.
Passamos mais algum tempo em silêncio.
Aos poucos, o assunto fluiu normalmente, como se nos conhecêssemos há anos. Não havia pressa. Em algum momento, Alexander deixara alguns pratos com salgadinhos e uma jarra de água, mas estávamos tão absorvidas na nossa própria conversa que acabamos por ignora-lo.
Ádna: Acho que estou pronta.
Encarei-a firmemente.
Charlotte: Você acha?
Ádna: Não. Eu tenho certeza que estou pronta.
A garota exalava uma coragem surpreendente. Se levantou da cama e se dirigiu a porta. Fui logo atrás.
Quando voltamos à sala de Alexander encontramos os quatro garotos deitados no chão, adormecidos. 
Ádna sussurrou.
Ádna: Como você fez isso?
Alexander, que estava encostado em sua própria mesa, sorriu. Andou silenciosamente até nós enquanto sussurrava de volta.
Alexander: Eu tenho um dom.
Saímos da sala e Alexander fez algumas perguntas simples para a garota ali mesmo no corredor. 
Ela havia concordado em ir para o abrigo e o delegado prometera que daria um jeito de ela e seus irmãos voltarem para o antigo país em breve.
Me dando um último abraço, Alexander a guiou para fora enquanto me desejava boa noite. Logo depois alguns outros oficiais vieram buscar as crianças, pegando-as no colo e tomando cuidado para não acorda-las.
Eu ainda estava encostada na porta do meu quarto e de braços cruzados quando notei alguns hematomas no antebraço.
Esticando os dois braços pude notar que estava coberta por manchas roxas e alguns cortes que já cicatrizavam. 
Voltei para o quarto, dessa vez fechando a porta, e comecei a observar meu corpo. Não eram só os braços que possuíam ferimentos.
Encostando os dedos num dos hematomas, senti uma pontada de dor. Não era algo forte ou que eu já não tivesse sentido antes, mas por algum motivo meus olhos se encheram de lágrimas. Percebi o que iria acontecer ali e me xinguei mentalmente.
Já se fazia quatro anos desde a última vez que eu havia chorado. Tirando as vezes em que atuei em trabalhos e o tiro alguns dias antes, eu realmente não chorava. Não me permitia. Era um sinal de fraqueza e eu não era assim, não podia ser.
Pegando um moletom de uma das gavetas, o vesti e resolvi dar uma volta. Aquilo deveria resolver tudo.
Eu estava cansada e com dor, mas não conseguia ficar quieta. Precisava fazer algo que ocupasse minha mente. Não iria para o beco, sabia que haveria perguntas e eu não queria ser incomodada.
Andei, pensando em várias coisas ao mesmo tempo. No entanto, um dos diálogos com Alexander por algum motivo ficou mais forte. 
O que eu faria quando ele não estivesse mais lá?
Eu nunca pensei sobre o assunto de verdade, mas, ele estava certo. Não poderia me sustentar para sempre, assim como eu não poderia morar na delegacia para sempre. 
Tinha a sensação de que seria para sempre sozinha. As lágrimas voltaram quando pensei nisso.
Eu estava me odiando naquele momento. Por anos, antes mesmo de ser uma assassina, eu já estava acostumada com aquela ideia. No entanto, de tempos em tempos, aquele sentimento ficava fortemente doloroso.
Me encostei numa árvore e percebi que, inconscientemente, havia chego num lugar que eu frequentava até me mudar para a delegacia.
Era um tipo de lago que ficava longe da civilização. Havia apenas alguns bares que pareciam não abrir já fazia algum tempo.
Já se passavam da meia-noite e o céu escuro estava limpo. Não havia estrelas, nuvens ou lua, mas continuava belo.
Andei até a borda e me sentei.
Eu não queria pensar, não queria sentir dor. Às vezes eu só queria voltar a fazer parte dos moradores do orfanato, mas então eu lembrava que não fazia diferença. Quase nada havia mudado desde aquela época.
Eu tocava as manchas no braço levemente, contornando-as com os dedos, quando escutei uma voz familiar.
Todd: Pensei que já estivesse esquecido desse lugar.
Ele se sentou ao meu lado.
Charlotte: Digo o mesmo de você.
Ficamos em silêncio por algum tempo.
Charlotte: Por que veio aqui?
Ele deu de ombros.
Todd: Senti que devia.
Pegando uma pedra do chão, ele a atirou no lago. A mesma quicou duas vezes antes de afundar.
Charlotte: Onde você se vê daqui a dez anos?
Pude notar pelo canto do olho que ele agora me encarava. 
Todd: É nisso que você está pensando?
Não respondi.
Todd: Ah, entendi. 
Ele olhou para o céu por um instante. Continuava sorrindo, agora de uma maneira nostálgica.
Todd: Você sabe que vou sempre estar aqui, certo?
Agora eu estava abraçando as penas, a cabeça apoiada nos joelhos.
Todd: Você não está sozinha, Charlotte.
Era estranho ouvir aquelas palavras. De certa forma eu sabia daquilo, mas ouvir em voz alta tornava tudo mais real.
Todd me envolveu com um dos braços em um gesto protetor. Deitei a cabeça no seu ombro e ficamos ali por algum tempo. De alguma maneira, ele fez com que eu me sentisse melhor.
Charlotte: Aquela não era sua casa principal, era? Você mora num apartamento. Ou, pelo menos, morava.
Todd: Ainda moro. Vou me livrar daquela casa amanhã.
Sorri ao ouvir aquilo. Todd jamais confiara em Alexander e fazia questão de deixar isso claro. Era óbvio que daria um jeito na casa, ele não deixaria rastros.
Ficamos ali até às quatro horas da manhã, quando ele disse que tinha que ir realizar uma entrega. Nos despedimos como sempre e fomos cada um para o seu lado.
Era cedo, mas em algumas ruas já era possível ver um movimento se iniciando. 
Levei pelo menos uma hora para chegar na delegacia e só então me dei conta do quão longe aquele lago era.
Quando cheguei, fui diretamente tomar um banho. Rápido, pois eu estava cansada, e então dormi.
Acordei por volta das duas horas da tarde, com Alexander batendo na minha porta. Fiquei impressionada ao ver a hora no relógio na cômoda.
Alexander: Charlotte, você tem visita.
Sonolenta, murmurei algo como "pode entrar". Minha mente não estava funcionando adequadamente, de forma que qualquer coisa que fosse dita eu iria ignorar, ou, na melhor das hipóteses, ouvir e não compreender.
Eu estava me preparando para segurar o edredom quando Alexander o retirasse, como sempre fazia quando eu me recusava a acordar, até que notei que a voz que me chamara não era a do delegado.
Scott: Seu quarto é bem interessante.
Abri os olhos, querendo estar tendo alucinações. Scott agora checava a lista de regras de Alexander que estava pendurada atrás da porta.
Scott: Acredito que estou quebrando alguma regra aqui. Podemos aproveitar e quebrar mais uma, se quiser. 
Algo me dizia que aquilo era real. 
Me forcei a voltar a raciocinar.
Charlotte: Vou te dar uma vantagem de três segundos antes de eu atirar uma faca no seu crânio.
Scott: Não vai me deixar nem dar um beijo de bom dia?
Charlotte: Um.
Escutei ele se retirando do quarto enquanto a porta era fechada.
Suspirei enquanto me levantava, sem muita opção.