domingo, 1 de setembro de 2013

Anjos Caídos - Capitulo 25: Acaba aqui

NOTA: O FLASHBACK DE MATTHEW COMEÇA DO MOMENTO QUE ELE SUGERIU O NOME PARA O GATO. NÃO FARIA SENTIDO REESCREVER O FLASHBACK DE MATTHEW, SENDO QUE É PRATICAMENTE IGUAL O DE MEILING, MUDANDO APENAS O FINAL.

Quando passei em frente a um beco, vi alguém saindo de lá correndo. Com o susto, me virei para vê-lo. Ele estava segurando um dos braços do observador, que segurava uma faca, enquanto torcia o outro para trás.
Mesmo ele falando baixo, pelo silencio que estava na rua pude ouvir o pequeno diálogo entre os dois.
Alguém: Deixe-a em paz.
Observador: Ah é? Se não o que?
O observador parecia estar com muita dor, mas não tinha cara de quem iria desistir.
O garoto forçou o braço do outro, até que todos ouviram um estralo. O braço dele estava quebrado. O outro o soltou e arrancou a faca da mão dele. O observador caiu no chão.
Logo em seguida, o garoto que havia quebrado o braço do outro me puxou pelo braço e saiu correndo. Fui obrigada a segui-lo.
Ao passarmos por alguns postes de luz, tentei ver o rosto do menino, então percebi que usava um lenço de caveira para cobrir uma boa parte do rosto. As roupas eram normais de qualquer garoto de nossa idade.
Quando olhei para trás, vi que estávamos sendo seguidos pelos amigos do observador.
Estávamos quase sendo alcançados quando eu tropecei.
Um dos amigos do observador: Agora você não escapa.
Ele tentou me puxar pelo braço, mas o garoto o socou antes. Aproveitei a oportunidade para sair correndo.
Quando eu achei que já estava longe o suficiente, fiquei encostada no muro de uma casa abandonada, apenas para recuperar o fôlego.
Escutei uma voz me chamar, e quando me virei para encarar o dono da voz, fui puxada pela cintura para o outro lado do muro.
A iluminação estava fraca, mas pude perceber que era o mesmo garoto de antes. Ele me colocou contra a parede. Obviamente, eu ia começar a gritar, até que ele fez um sinal para eu ficar quieta. Eu não sabia quem era, mas achei melhor fazer o que foi mandado.
Ficamos assim por uns dois minutos, até que pude ouvir passos.
Uma pessoa: Tem certeza que ela foi por aqui?
Outra pessoa: É claro que tenho cara!
Uma pessoa: Por que a gente não foge e deixa ele lá com aquele outro babaca?
Outra pessoa: Você viu quanto ele vai nos pagar? É muita grana pra uma tarefa tão fácil. Vamos, vamos!
Uma pessoa: Tá, tá, vamos.
Escutei passos se afastando. Continuamos ali por mais alguns minutos, e quando ele tinha certeza que não havia mais ninguém por ali, ele me puxou pelo braço para dentro da casa.
Meiling: O que pensa que está fazendo?!
Ao entrarmos, ele trancou a porta.
Meiling: O QUE ESTÁ ACONTECENDO? QUEM É VOCÊ?
Ele se sentou num sofá velho. Chutei sua perna.
Meiling: NÃO ME IGNORE!
Não sei como, mas de alguma forma ele conseguiu me puxar para o sofá, e ficou em cima de mim, impedindo qualquer movimento meu. Na hora, fiquei um tanto assustada.
Alguém: Não me provoque.
Ele saiu.
Levantei-me logo em seguida e fui em direção a porta.
Alguém: Onde pensa que vai?
Meiling: Eu? Eu vou embora.
Levou apenas alguns segundos para que ele aparecesse do nada na porta, impedindo a minha saída.
Alguém: Não.
Aquela era a oportunidade perfeita. Arranquei o lenço dele, e pude ver que era Matthew.
Meiling: MATTHEW?
Ele não reagiu.
Matthew: Feliz? Pode me obedecer agora?
Eu já havia ouvido muitos boatos sobre Matthew. Sempre falaram que ele era uma pessoa quieta, reservada, mas se o incomodasse demais, ele podia ser agressivo a ponto de matar alguém. Pessoalmente, achava aquilo um tanto exagerado. Já outras pessoas, falavam que ele só era assim por causa da morte de seu pai, e diziam que antes disso ele era uma criança muito gentil e fofa. Era difícil imaginar isso.
Dei meia volta e fiquei sentada em baixo de uma janela. Escutei alguém andando pela casa. No começo achei que era só a minha imaginação, mas o som começou a ficar mais próximo.
Meiling: Ei... Está ouvindo isso?
Matthew apenas concordou com a cabeça. Levantei-me, e me escondendo, fui atrás do som.
Acabei chegando na cozinha da casa, o barulho estava vindo dali. Vi um armário aberto, então antes de passar por ele, o fechei, tomando todo o cuidado para não fazer nenhum barulho. Quando o fechei, escutei batidas vindas de dentro do móvel. Fiquei com um pouco de medo até que raciocinei e pensei em voz alta.
Meiling: Fala sério né Mei, olha o tamanho desse armário, nem um anão cabe aqui.
Abri o armário e encontrei um filhote de gato, preto.
Meiling: Ai meu Deus! Que coisa mais fofa!
Peguei o pequeno gato no colo e fui em direção à sala, o lugar onde eu e Matthew ficamos desde que havíamos chegado.
Meiling: Matthew! Olha que coisa mais fofa que eu encontrei!
Ele se virou para mim e pediu para fazer silêncio. Quando percebeu o que eu segurava, se levantou no sofá empoeirado e veio em minha direção. Ele tirou o filhote de minhas mãos e pegou para si, acariciando o animal. Ele voltou para o sofá, levando o filhote consigo. Voltei para o meu local, e fiquei observando Matthew brincar com o gato. Fiquei surpresa em como ele se apegou ao pequeno animal e vice versa.
Pouco tempo depois, ouvi novamente passos. O gato começou a miar, e então ouvi passos mais apressados.
Dessa vez, o barulho estava vindo das escadas. O barulho estava mais alto do que antes. Fiquei apenas observando de longe. O gato se apoiava no encosto do sofá, como se estivesse esperando algo. Matthew também olhava.
A primeira coisa que vi foi uma sombra enorme. Quando fui encarar o dono dela, vi que era um gato, também preto. Quando o gato menor viu o que acabara de aparecer, pulou do sofá e foi correndo em direção a ele.
Percebi que os dois trocavam carinhos.
Meiling: Devem ser parentes.
O gato mais velho foi até o meio da sala e ficou sentado, enquanto o mais novo ficava pulando e perturbando do mais velho. De repente, o gato mais velho andou em direção ao sofá e ficou olhando para debaixo dele, tentando pegar algo.
Matthew se levantou e olhou em baixo do sofá. Logo em seguida pegou o que o gato queria. O gato menor tentou entrar de baixo do sofá, mas não conseguiu. Fui até Matthew e os gatos para poder enxergar melhor, e então percebi que o que Matthew pegou era o corpo de um gato, ou melhor, uma gata.
Matthew: Essa devia ser a mãe dele...
Agora fazia mais sentido.
Meiling: Então esse... É o pai?
Matthew: Provavelmente sim.
Fiquei um pouco chocada.
Eu e Matthew enterramos a gata no jardim que tinha nos fundos da casa. Os gatos assistiram.
Ficamos brincando com os gatos dentro da casa por mais um tempo.
Matthew: Acho que está na hora de irmos embora.
Concordei.
Matthew deixou que eu ficasse com os gatos.
Quando saímos da casa, fomos surpreendidos pelos garotos que estavam a nos perseguir antes.
Um garoto: Eu falei que eles estavam aqui.
Matthew: Droga. Fique perto de mim.
Eu segurava os dois gatos. Matthew começou dando um soco num dos garotos que tentou me agarrar.
Consegui chutar um dos garotos, mas enquanto eu fazia isso, outro deles conseguiu arrancar o filhote das minhas mãos. Ele apontou uma faca no animal.
Outro garoto: Agora é o seguinte. Você vai com a gente, ou o bicho morre.
O animal se rebatia na mão do rapaz.
Vi Matthew se aproximando pelas costas, do garoto que segurava o filhote. Demorei para responder, assim não aconteceria nada com o gato.
Matthew conseguiu fazer com que ele soltasse o filhote e a faca, mas quando o animal foi correr até mim, a faca caiu sobre ele, cortando parte de seu corpo. Fiquei horrorizada. Logo em seguida, um dos outros garotos tentou me pegar, mas consegui chuta-lo. Ele pisou na cabeça do filhote, e caiu em cima do garoto que ameaçou o animal, agora morto.
Os outros dois rapazes que acompanhavam os primeiros dois, foram ajuda-los a se levantar, já que estavam feridos. Eu e Matthew aproveitamos para correr. Não tivemos tempo de enterrar o pequeno animal.
Quando já estávamos perto de nossas casas, Matthew começou a puxar assunto.
Matthew: Que nome vai dar para ele?
Com tudo o que aconteceu, eu acabei não pensando nisso.
Meiling: Sugestões?
Paramos de andar por um momento. Matthew ficou pensativo. Olhou para o gato, e em seguida para o céu.
Matthew: Aluado.
Meiling: Eu gostei desse nome. Me lembra a lua....
Ele sorriu, ainda olhando para o céu. Resolvi olhar para o mesmo lugar que ele, e então percebi que a lua estava enorme e linda. Era isso que ele estava observando.
Acordei em minha cama. Aluado dormia ao lado de meus pés. Estava apaixonada por sua fofura.

Levantei-me e fui acordar o animal para que eu pudesse arrumar a cama. Me assustei quando vi sangue pelo edredom. Percebi que o gato já não respirava mais. Aluado estava morto.


Cheguei à escola e fui direto para a sala. Mi-cha não compareceria as aulas naquela semana, pois ainda teria que ficar em observação no hospital.
Matthew estava conversando com os garotos, como sempre.
Fiquei sentada no meu lugar, desenhando um pouco. Comecei a escutar muitas vozes femininas falando ao mesmo tempo. Quando olhei para trás, vi que quase todas as garotas de minha sala, ex-amigas de Mi-cha, estavam conversando no fundo da sala.
Uma delas: Não acredito que ela ainda comparece as aulas. Se eu fosse ela ficava em casa, longe desse inferno. Ela já está reprovada mesmo.
Outra: Deve ser isso que Mi-cha fez. Ela ainda não chegou, provavelmente não veio.
Outra delas: Nem me fale naquela vadia.
Uma delas: Mas você viu o namorado dela? Tenho certeza que ela o subornou para fingir ser seu par. Afinal, com a grana que ela tem ela pode fazer tudo o que quiser.
Outra delas: Será que ela o convidará para o baile de formatura? Se a sua hipótese estiver certa...
Ela sorriu para as outras, e as outras sorriram de volta.
Meiling: Se vocês querem tanto falar da vida alheia, pelo menos falem baixo. Ninguém quer saber das drogas que vocês falam.
Me levantei.
Meiling: Primeiro: Mi-cha está internada, junto de seu NAMORADO.
Quem entrasse no meio da conversa acharia que eu estava gritando, mas era apenas a sala que estava muito silenciosa.
Meiling: Segundo: Se Mi-cha descobrir suas intenções, ou se você tentar fazer algo com o namorado dela é capaz de você morrer de tanto que ela iria te bater.
Elas começaram a rir.
Percebi que Matthew estava prestando atenção na nossa conversa.
Outra delas: Nossa, estou morrendo de medo da criança. Pelo amor de Deus né Meiling, todos nós aqui sabemos que Mi-cha não mataria nem uma formiguinha. Quer saber? Ela é FRACA. Você? Talvez, mas ainda acho que não teria coragem de fazer isso. Sinceramente, acho que você é apenas uma segunda Mi-cha, só um pouco mais feia, claro, e sem sal. Esse seu jeito agressiva não engana ninguém garota. Vamos, confesse. Você queria ser como Mi-cha, queria ser como nós.
Eu já não sabia mais se ela estava defendendo Mi-cha, ou ofendendo-a.
Outra delas: Não sabe o que dizer não é? Vamos, me bata. Ou vai esperar Mi-cha chegar e deixar esse serviço para ela?
Ela começou a rir forçadamente.
Outra delas: Sabe, comecei a imaginar Mi-cha lutando. Que desgraça!
As outras começaram a rir forçadamente também. Matthew se meteu na briga.
Matthew: Sim, realmente seria uma desgraça o que ela faria na sua cara.
Os meninos pararam de conversar assim que ouviram Matthew falando. Todos esperavam uma resposta, mas ninguém nunca conseguia “ganhar” de Matthew nas discussões. A garota pareceu ter ficado nervosa.
Matthew: Ué? Porque ficou quieta de repente?
Outra delas: Vá se ferrar.
Os meninos começaram a rir e voltaram a conversar. Ela voltou para suas amigas e eu para os meus desenhos.
Uma mão pousou em meu ombro.
Ele sussurrou em meu ouvido.
Matthew: Ei.
Meiling: O que?
Matthew: A diretora quer nos ver.
Guardei meu caderno de desenho e fui com Matthew até a sala da diretora. Bati na porta e nossa entrada foi permitida.
Diretora: AH MEI!
Ela veio correndo me abraçar. Matthew se deitou no sofá branco.
Meiling: ... Oi?
Ela me soltou. Me sentei numa das cadeiras em frente a sua mesa.
Diretora: Matthew tire os pés do meu SOFÁ BRANCO, por favor.
Ele obedeceu. Fiquei segurando a risada.
Diretora: Então... eu soube que Myung Hee morreu.
Eu e Matthew ficamos em silencio por um momento.
Diretora: É realmente uma pena. Por mais que ela fosse um demô...
Matthew a interrompeu.
Matthew: Espere.
Ele se levantou e foi silenciosamente em direção à porta. Ele fez sinal para que falássemos algo.
Meiling: A senhora tem passado bem?
Diretora: Ah sim Mei, muito bem. Agora que as aulas estão acabando, estou pensando em fazer uma viagem para a Ita...
Matthew abriu a porta e três garotas caíram no chão. A diretora se levantou.
Diretora: Ah garotas, vocês querem participar da nossa conversa?
Uma das garotas: N-não diretora... eu apenas tropecei e derrubei as outras. Foi coincidência termos caído logo quando... Matthew abriu a porta.
Diretora: Garotas entrem, vamos, venham tomar um chá conosco.
Matthew: É, venham tomar um chá conosco, tem biscoitos também, acabaram de sair do forno.
Uma das garotas: Não me irrita Matthew.
Diretora: Ei! Cadê o respeito com seu colega senhorita?
Uma das garotas: M-m-me desculpe... diretora.
Diretora: Se não querem entrar, vocês não tem mais nada a fazer aqui, por favor, se retirem.
Ela girou e caminhou em direção a sala. As outras duas fizeram o mesmo.
Matthew fechou a porta e girou, tentando imitar elas. Não consegui conter minha risada.
Diretora: Bom, continuando, por mais que ela fosse um demônio, era uma boa pessoa.
Matthew se deitou no sofá novamente, e dessa vez pegou o cubo mágico que ficava na mesa de centro e começou a brincar com ele.
Matthew: Achava que de pessoas com “um pé” nesse mundo, você só conhecesse meu pai.
Diretora: Myung Hee foi depois de seu pai Matthew. Eu a conheci quando Azazel apareceu de surpresa para seu pai quando estávamos caminhando juntos num parque. Na época, ela e Azazel eram namorados e estavam sempre juntos, de acordo com seu pai.
Meiling: Coitada de Mi-cha...
Diretora: Alguns dias depois, vi uma revista com Myung Hee na capa, e por mais que estivesse sem as asas e os olhos demoníacos, eu pude reconhecê-la.
Meiling: Acha que ela te reconheceu depois de tanto tempo, em alguma reunião de pais ou coisa assim?
Diretora: Provavelmente Mei.
Matthew: Mas então... Porque nos chamou aqui?
Diretora: Apenas queria saber se vocês estavam realmente bem. Ah, e Mi-cha? Como ela está?
Matthew: Ela e Nicholas estão no hospital. Foram muito feridos, mas vão se recuperar.
Diretoras: Eu quis dizer sentimentalmente.
Meiling: Ela não demonstrou nenhum sentimento relacionado à mãe, para falar a verdade. Eu gostaria de poder dizer que ela iria ficar realmente triste e abalada com isso, e que iria demorar para superar a perda da mãe, mas eu não sei... Mi-cha realmente mudou nesse tempo, e mesmo ela ainda sendo aquela garota meiga e inocente de antes, ela ficou mais forte e corajosa, e acho que seus sentimentos mudaram também. Isso pode ter afetado o psicológico dela, e não sei se ela vai ficar feliz com a morte da pessoa que tentou assassinar praticamente todos os que ela ama, ou se ficará triste pela pessoa que lhe deu a vida ter perdido a sua própria.
Diretora: Isso pode ser um problema.
Matthew parou de brincar com o cubo mágico e se sentou no sofá, parecia estar disposto a conversar sério agora.
Matthew: Você não acha que ela...
Diretora: Sim eu acho.
Matthew: Mas... Se ela não fizer nada que faça com que os poderes se manifestem... Então...
Diretora: Ela nunca descobrirá que herdou os dons da mãe. Mas de qualquer forma, uma hora ou outra ela irá descobrir. Não se esqueça, Matthew, que se deixar, demônios vivem eternamente.
Matthew: Eterno até que dure.
Diretora: Exato.
O sino para o inicio das aulas bateu.
Diretora: Agora vão. Estudem. As notas do quarto bimestre de vocês ainda não estão garantidas.
Matthew: Ah, mas a soma das nossas médias são todas trinta. Precisamos de vinte e oito para passar. Não precisamos nos esforçar muito e...
Diretora: Mas eu posso diminuí-las, se eu notar que isso vai afetar o estudo de vocês.
Matthew: Droga.
Dei um tapa na cabeça de Matthew.
Meiling: Você tinha mesmo que mencionar isso?
Ele revirou os olhos.
Diretora: Boa aula.
Retiramos-nos. Quando chegamos na sala, o professor já estava lá.
Professor: Vocês dois. Peguem autorização com a diretora para assistir a minha aula.
Meiling: Mas nós não nos atrasamos nem cinco minutos.
Professor: Não quero saber. Quando o sino bate vocês devem estar na sala, com o material da aula que será dada sob a carteira.
Meiling: Isso não é justo! Nós estávamos na escola o tempo todo!
Professor: E daí?
Meiling: O dinheiro que nossos responsáveis gastam nesta escola poderia estar sendo gasto com outras coisas que queremos. Nós vamos ficar nessa sala sem autorização da diretora, por que não há necessidade disso. Os amigos de Matthew podem ser testemunhas. Nós estávamos nessa sala sim.
Fui em direção ao meu lugar, e Matthew ao lugar dele.
Professor: Sinceramente, Mei... Eu senti falta de você.
Todos riram, inclusive eu.
As aulas passaram bem rápido. Perguntei a Matthew se ele queria ir ao hospital comigo, visitar Mi-cha e Nicholas, mas ele disse que a diretora precisava da ajuda dele para organizar algumas coisas.

No hospital:

Entrei no local e fui direto falar com a recepcionista. Perguntei se já podia visitar Mi-cha, mas ela disse que já havia visitantes demais no quarto, e pediu para que eu esperasse elas irem embora para que eu pudesse entrar. Pedi para que ela me avisasse quando eu poderia entrar, e ela concordou. Fui até o andar do quarto de Mi-cha e andei até a sala de espera. Fiquei surpresa ao encontrar o pai de Mi-cha sentado numas das cadeiras. Ele também pareceu ficar surpreso.
Pai de Mi-cha: Mei? Mas você não estava no quarto de Mi-cha?
Meiling: Eu achei que você estivesse lá.
Pai de Mi-cha: Não me deixaram entrar por que tinha muita gente.
Meiling: Espera... Se eu estou aqui, e você também... Matthew ficou com a diretora na escola, para ajudar a fazer alguma coisa... Azazel está selado e Nick e Myung Hee mortos... As únicas pessoas que visitariam Mi-cha seria alguém da nossa sala...
Fiquei paralisada por alguns segundos.
Meiling: Elas não...
Sai correndo em direção ao quarto de Mi-cha. Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Coloquei minha mochila de lado e chutei a porta com todas as minhas forças, mas sem resultado. Lembrei que eu carregava um nunchaku na mochila, então o peguei e quebrei a fechadura da porta com ele. A porta se abriu. Vi Mi-cha jogada no canto do quarto, chorando, e as três garotas que mais falaram mal dela sentadas em cima da cama. Elas pareciam conversar animadamente, mas pararam quando me viram. Percebi que dois garotos também estavam lá, sendo um deles o garoto que havia me provocado no primeiro dia que cheguei na escola, após toda aquela luta.
Meiling: Saiam daqui imediatamente.
Uma delas: Deixe-me pensar... Não.
Bati o nunchaku na cama, quase as acertando.
Meiling: SAIAM.
Outra delas: Um de vocês, por favor.
Garoto: Deixa comigo.
O garoto da briga do primeiro dia partiu para cima de mim.
Meiling: Você ainda insiste?
Dei com o nunchaku na cara dele, e um ferimento foi feito. Ele ficou com um real ódio quando passou a mão pelo rosto e viu sangue. Ele tentou me bater de tudo quanto é jeito, mas por ele não saber nem o básico da luta, não conseguiu. Consegui fazer com que recuasse de meus movimentos até sair da sala.
Meiling: Próximo?
Escutei um grito de dor e em seguida alguém caindo. Arrisquei a olhar para trás, e vi o garoto no chão mal conseguindo se levantar, e em seguida, o pai de Mi-cha entrando na sala. A primeira coisa que ele fez ao ver Mi-cha naquele estado foi avançar em cima do outro garoto que proibia a aproximação de qualquer um da garota. Com apenas um golpe, ele fez com que o garoto desmaiasse. Fiquei um pouco preocupada, já que ele sempre me disse que aquele poderia ser mortal, caso fosse mal aplicado.
Pai de Mi-cha: Mei, você pode ir chamar alguma enfermeira?
Apenas concordei com a cabeça e fui até a recepção. Como eu nunca havia sido internada num hospital, não sabia como funcionavam as coisas.
A balconista disse que em pouco tempo uma enfermeira chegaria lá.
Voltei para o quarto de Mi-cha. As meninas já haviam ido embora, e os outros dois garotos estavam deitados perto da porta. Um deles, desmaiado. O pai de Mi-cha a ajudava a se deitar novamente na cama, para esperar a enfermeira.
Quando a funcionaria chegou, o pai de Mi-cha explicou tudo o que havia acontecido, e alem de ter feito várias reclamações, exigiu que ficasse um funcionário vinte e quatro horas por dia com Mi-cha, para que isso não se repetisse.
Após tudo se acalmar, pude conversar normalmente com Mi-cha.

Um mês depois:

Fazia uma semana que Mi-cha e Nicholas haviam saído do hospital.
Mi-cha: Ah Mei, esqueci de te perguntar. Soube que a diretora descobriu o que aconteceu no hospital, e suspendeu elas não é?
Meiling: Ah sim. Os garotos também foram suspensos.
Mi-cha parecia satisfeita com a punição.
O sino para o fim do intervalo bateu.
Todos os alunos já estavam na sala, exceto Matthew, que entrou mais tarde junto com a diretora.
Diretora: Bom começo de tarde alunos.
Alguns responderam com “e ai”, e outros “boa”.
Diretora: Ansiosos para a formatura?
Todos começaram a gritar de alegria, comemorando o fim que estava próximo. Matthew passava algum recado no quadro.
Diretora: Então, fico feliz em dizer que a formatura de vocês será dia primeiro de dezembro. Matthew entregará as autorizações que vocês deverão dar para seus pais e trazer de volta assinado amanhã, para que possamos começar a ensaiar o mais rápido possível. Quem não trouxer, ficará na escola e terá aula normal.
Matthew começou a passar de mesa em mesa, entregando as assinaturas.
Alguém: E quando vamos escolher os convites? Quando será o baile?
A professora, que só então eu notei que havia chego na sala antes da diretora e Matthew, ligou o datashow e permitiu que visualizássemos várias seções em algum site.
Diretora: Bom, vocês então podem ver que essa empresa que nós iremos usar para fazer tudo o que precisaremos. Já que a turma de vocês é a maior, a formatura será feita separada das outras.
Outro alguém: Nossa turma é mais especial.
Rimos.
A diretora começou a mostrar os convites para a formatura, e então selecionamos alguns para votação. No final, o ganhador foi um preto com detalhes vermelhos.
O baile seria no mesmo dia, e começaria as vinte e três horas. Estávamos empolgados.
Foi difícil para os outros professores darem aula depois da noticia. Quando as aulas acabaram, Mi-cha estava muito empolgada.
Mi-cha: Já sei! Vamos comprar nossos trajes! Precisamos de um para a formatura, e depois um para o baile.
Meiling: Eu estou sem grana agora.
Mi-cha: E você acha que eu não? Vamos, vou pedir para o meu pai e está tudo certo.
Inventei milhares de desculpas para ela não fazer aquilo, mas não teve jeito, quando percebi, já estava na casa dela. O pai dela ficou muito feliz por nós duas, e deixou que levássemos uma boa quantia de dinheiro. Peguei uma bolsa de Mi-cha emprestada, apenas para levar meu nunchaku.
Fomos andando até o shopping, o pai de Mi-cha disse que iria nos buscar.
Eu confesso que estava um pouco preocupada, tudo estava dando certo demais. Mi-cha notou que eu estava tensa.
Mi-cha: Unnie, relaxe. Nada mais vai nos incomodar agora. Eu estou em perfeito estado, e não tem mais nenhum demônio atrás de nós. Mesmo que tentem nos sequestrar, podemos acabar com a pessoa no máximo em minutos.
Respirei fundo. Ela estava certa.
Quando chegamos ao shopping, demos uma boa olhada nas lojas mais “finas”, precisávamos de roupas desse tipo.
Mesmo Mi-cha pedindo para eu ficar calma, eu ainda estava alerta com tudo e todos. Quando percebi, Mi-cha já tinha o primeiro visual completo, e eu, pipoca doce.
Mi-cha: MEILING.
Eu estava distraída, e me assustei quando ela gritou.
Meiling: O QUE?
Mi-cha: Vamos comprar algo pra você, agora.
Meiling: Mas...
Não tive tempo de dizer algo. Ela me puxou pelo braço e me levou em direção a uma loja.
Fiquei sentada no balcão, enquanto ela e a atendente discutiam que tipo de roupa ficaria melhor em mim.
Aquela pipoca estava deliciosa.
Mi-cha me deu algumas roupas para experimentar: uma calça social preta, uma blusa branca, e um sapato também preto. Achei que aquelas roupas eram ridículas, mas quando provei me senti bem com elas. Acabei levando.
Estava ficando tarde, então ligamos para o pai de Mi-cha. Combinamos de comprar o vestido no dia seguinte.
Antes de ir embora, comprei mais pipoca doce.

Um dia antes do evento:

Eu estava na sacada, pensando um pouco. Aquele havia sido meu ultimo ano de escola e eu havia aproveitado pouco. Em compensação, pude conhecer outro lado da minha “irmã”, e outro lado da pessoa que eu mais odiava.
O vestido que eu usaria na noite seguinte estava em cima de uma das cadeiras do quarto. Virei-me, e ainda encostada na sacada, fiquei encarando-o.
Meiling: Eu... Devia devolvê-lo.
Eu realmente achava que não devia ir ao baile. Era verdade que isso não acontece duas vezes, e que era um dos momentos mais importantes da minha vida, mas Mi-cha iria ficar com Nicholas, e os meninos estariam fazendo o que meninos fazem. Eu não sabia se Matthew iria, e mesmo se fosse, provavelmente ficaria com os garotos.
Vi uma mão na minha sacada.
Matthew: Me ajuda?
Meiling: Matthew, eu tenho uma porta.
Eu o ajudei a subir.
Matthew: Eu sei.
Voltei a olhar o céu.
Matthew: Você... Não parece animada.
Meiling: E eu devia estar?
Matthew: Bom... Você é uma garota...
Meiling: Ah, obrigada por me avisar.
Matthew: E amanhã tem um baile...
Meiling: E daí?
Matthew: Garotas normais sempre ficam animadas com esse tipo de coisa.
Meiling: E eu lá sou uma garota normal?
Ele riu.
Matthew: Tinha me esquecido desse detalhe.
Respirei fundo.
Meiling: Eu estou cansada.
Matthew: Calma, amanhã acaba.
Ficamos em silêncio por um momento.
Matthew: Mei... Eu não sei como dizer isso, mas... Amanhã... Você pode ter pelo menos uma dança comigo?
Por algum motivo, fiquei vermelha.
Meiling: C-claro... Porque não?
Ele sorriu.

Noite do baile:


Eram vinte e três e trinta quando eu cheguei. Mi-cha e Nicholas estavam sentados numa mesa, conversando. Procurei Matthew, mas não o achei, então fui em direção ao lugar onde Mi-cha estava. Percebi que muitos olhares foram direcionados a mim quando cheguei.
Mi-cha: Ai meu Deus! Mei você está linda!
Revirei os olhos.
Meiling: Olá para você também.
Ela sorriu. Cumprimentei Nicholas.
Uma musica lenta começou a tocar.
Mi-cha: Nicholas, vamos dançar!
Ela saiu, arrastando-o pela mão. Fiquei sozinha.
O garoto que eu havia batido no hospital se sentou na cadeira da minha frente.
Garoto: Mei, Mei, Mei... Já te disseram como você está linda hoje?
Levantei-me, ignorando-o. Quando eu estava me afastando da mesa, ele me puxou para si.
Garoto: Por que não dançamos um pouco?
Ele estava com um sorriso malicioso.
Meiling: Não.
Pisei no pé dele com o salto, que era finíssimo, então com certeza doeria.
Garoto: Ora, sua...
Me virei, preparada para qualquer coisa. Percebi que ele iria tentar me agarrar novamente, mas Matthew entrou na frente.
Matthew: Algum problema?
O garoto pareceu ter ficado com medo.
Garoto: Nenhum.
Ele se virou e foi a algum lugar.
Meiling: Pensei que não viria.
Sorri, e então fomos para a pista de dança. A musica já estava no fim, mas a que começou em seguida também era lenta.
Acho que... Aquele foi o meu melhor momento com Matthew, desde que eu o conheço.
Eu e ele nos divertimos bastante.
Eram duas horas da manhã. Estávamos dançando uma valsa. Ele então sussurrou em meu ouvido.
Matthew: Eu vou embora, e amanhã você não irá me encontrar. Por favor, não se apaixone por mais ninguém. Eu não vou morrer, mas vou demorar para voltar. Também não me procure. Mei, eu imploro, não se esqueça de mim.
Meiling: Para onde você vai? Podemos ir juntos, já fizemos isso não fizemos?
Matthew: Não... Isso é uma coisa que preciso fazer sozinho.
Assim que terminamos a dança, Matthew saiu. Eu o segui.
Meiling: Matthew! Você não pode me deixar agora!
Ele parou de andar por um momento.
Meiling: Por quê? Porque agora?
Fui até ele.
Matthew: Por favor, entenda.
Ele disse sem se quer olhar na minha cara.
Meiling: Mas...
Ele de repente se virou e me beijou.
Após aquilo, ele se afastou aos poucos.
Matthew: Isso não é um adeus!
Ele correu até uma esquina escura, e então pude vê-lo indo embora, voando. Pensei seriamente em segui-lo, mas Matthew não brincaria com algo sério. Voltei para o local do baile e fiquei esperando Mi-cha resolver ir embora.
Eram quase três horas quando ela e Nicholas vieram até a mesa onde eu estava.
Nicholas: Matthew...
Apenas concordei com a cabeça.
Ele respirou fundo.
Ficamos conversando por mais um tempo, e então resolvemos ir embora.

2015:

Era meu ultimo ano na faculdade de Design de Animação. Minha formatura seria dali a poucos dias.
Mi-cha: Não vejo a hora de me formar!
Ainda faltavam dois anos para Mi-cha, que estava fazendo Design de Moda na mesma faculdade que eu.
Estávamos andando por um parque enorme, que ficava perto do apartamento de Mi-cha.  
Avistei uma silhueta conhecida, mas o sol tampava minha visão, então não tinha certeza de quem era. Provavelmente era Nicholas, mas meu coração queria que fosse Matthew.
Nos aproximamos da figura, era Nicholas. Ele recebeu Mi-cha com um beijo.
Meiling: Ei, pombinhos, vamos logo. Estou com fome.
Continuei andando, deixando os dois para trás, até que percebi que eles não estavam me seguindo. Me virei, preparada para dar um sermão nos dois, que não se desgrudavam nem por um momento.
Fiquei realmente surpresa com o que vi.
Matthew: Não vai me dar as boas vindas?
Meiling: Seja bem vindo. Você paga o almoço, vamos.
Ele correu até mim, me acompanhando na caminhada. Mi-cha e Nicholas ficavam mais atrás.
Matthew: Mas o que? Por que eu?
Meiling: Você foi o ultimo a chegar.
Matthew: Por que não pode ser o Nicholas?
Nicholas: Cara resolva seus problemas sozinho.
Comecei a rir. Matthew colocou sua mão em volta de minha cintura.
Matthew: Fez o que eu pedi?
Eu o beijei.
Matthew: Isso foi um sim?
O beijei novamente.
Matthew: Isso com certeza foi um sim.
Fomos em direção a um restaurante próximo. Colocamos todo o papo em dia. Não precisei falar de minha formatura, já que Mi-cha fez isso por mim.
Matthew: Ah sim, o baile de formatura. Se você se vestir melhor do que no baile do ensino médio... Teremos um sério problema.
Meiling: EU terei. Por que se refere como se fosse nós dois?
Matthew: O que? Eu não estou convidado?
Meiling: Depende... Você vai fugir de novo?
Ele sorriu.



Ela perguntou que nome dar ao gato. Eu tinha a resposta perfeita, mas ela nunca entenderia o significado por trás dela, talvez isso fosse bom, ou não.
Matthew: Aluado.
Meiling: Eu gostei desse nome. Me lembra a lua....
Ela pareceu realmente gostar. Continuei a observar a lua, e quando ela resolveu fazer o mesmo, eu a beijei. Ela ficou surpresa. Sussurrei um feitiço para apagar sua memória.
Matthew: Oblítus.
Ela desmaiou, e eu a levei para sua casa.



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