domingo, 21 de agosto de 2016

Suspect - Capítulo 24: Quebra-cabeça

24. Duvide da sanidade de certas pessoas.

Passamos alguns minutos em silêncio.
O pseudônimo da reportagem que eu encontrara era o mesmo de um dos policiais que entrara na equipe de Alexander no último ano. A notícia era de três anos antes, quando ele ainda estava na academia. Os outros “jornalistas” também tinham ligações com a polícia, sendo alguns que na época ainda estavam em treinamento e outros aposentados.
Charlotte: Quanto tempo você falou que o empresário apareceu pela primeira vez?
Santiago: Quase cinco anos.
Agora quem ria era eu.
Há exatos cinco anos, Alexander e eu fizemos um acordo onde eu moraria na delegacia e o ajudaria em alguns casos. Mas ele nunca quis uma troca de favores.
Alexander estava montando uma armadilha.
Charlotte: Isso foi para mim. Talvez até mesmo para todo o Beco.
Santiago logo entendeu o que eu quis dizer, mas Cristopher precisou de uma breve explicação do informante sobre o que acontecera depois que ele me abandonara. Não sabia se devia ficar surpresa ou não pela quantidade de informações que o latino sabia.
Santiago: Vocês precisam sair daqui. Agora.
Charlotte: Você acha que Alexander não vai notar se eu sumir? Espere, e os outros?
Mesmo se eu sumisse sem deixar rastros, todo o Beco sofreria problemas. Eu não podia deixá-los sozinhos numa situação que, mesmo inconscientemente, eu havia criado.
Santiago: Está na hora de encerrar isso, Charlie.
Abri a boca para rebater, mas eu não tinha muito a dizer. Agora Alexander podia nos prender a qualquer momento. Ou pior.
Santiago: Vou levar vocês para um esconderijo.
Charlotte: Precisamos ir até o Beco antes.
Santiago: Qualquer aparição de vocês é arriscada.
Charlotte: A deles também.
Notei a mudança na respiração de Santiago, mas não soube dizer o que significava.
Santiago: Eu cuidarei disso.
Hesitei por um momento e então concordei, fazendo-o prometer que levaria Scott até nós também. Com certeza ele iria querer ver Cristopher antes da “batalha” começar.
O informante nos passou as instruções de um esconderijo ali perto. Um prédio abandonado, onde alguns traficantes guardavam sua mercadoria. Aparentemente, a polícia “não tinha conhecimento sobre a situação”, o que significava que estavam ganhando uma quantia interessante em dinheiro. Andei rapidamente em direção à porta, com Cristopher me seguindo silenciosamente. Antes de sair Santiago se aproximou, me entregando uma arma. Ele estava sério, preocupado talvez. Estávamos assumindo uma guerra, e não tínhamos um plano ou um exército. Se perdêssemos, nem mesmo a mais alta quantia salvaria qualquer um de nós.
Santiago: Se proteja, Charlie.
Charlotte: Não me chame de Charlie.
Ele então sorriu e eu, com certo esforço, retribuí. Estávamos do mesmo lado.
Saí pela porta seguida por Cristopher e, enquanto me afastava, pude ouvir Santiago dando ordens em espanhol ao homem do lado de fora.
O caminho que Santiago nos dera não era tão longo, mas precisávamos ficar atentos a possíveis interrupções. O informante nos dera uma palavra-chave senha para caso encontrássemos um dos traficantes que utilizavam o prédio, mas dissera que achava isso improvável.
Subimos sete lances de uma escada de cimento e passamos por diversas salas, a maioria sem portas e com diversos tipos de objetos espalhados, até encontrar a indicada.
O lugar que nos fora passado era pequeno e ficava distante de qualquer outra sala, sendo a única naquela metade do andar. Estava vazia e empoeirada. Parecia do tamanho de um quarto de solteiro de um apartamento pequeno qualquer.
Após analisar o espaço, me encostei numa das paredes. Cristopher fez o mesmo na parede oposta e ficamos nos encarando por um tempo.
Aproveitei o momento para analisá-lo mais um pouco, já que sabia que fazia o mesmo comigo.
Cristopher parecia pronto para matar qualquer um que aparecesse sem pensar duas vezes. Era com certeza mais forte e tinha a impressão de que, caso precisássemos lutar, eu deveria tomar cuidado como agiria. Pela primeira vez, estava em dúvida sobre ganhar um combate corpo a corpo com um homem.
Charlotte: Há quanto tempo você trabalha com isso?
Cristopher: Onze.
Não fiquei surpresa, até lembrar da sua idade. Ele era apenas um ano mais velho que eu.
Charlotte: Você mata pessoas desde os treze anos? E nunca foi pego?
Ele sorriu, orgulhoso.
Charlotte: Está mentindo.
Cristopher: Acredite no que quiser.
Procurei falhas na sua confiança, mas percebi que ele realmente estava falando a verdade.
Charlotte: Como?
Vi seus olhos brilharem. Estava começando a pensar na possibilidade do homem a minha frente ser um sociopata.
Cristopher: Seu interesse por mim é fascinante.
Charlotte: Não tenho interesse em você.
Cristopher: E me procurou por seis anos? Tenho certeza que isso é algum tipo de fanatismo.
Me calei por um momento, tentando tomar cuidado com as próximas palavras.
Charlotte: O que eu não entendo... Você sumiu. Me deixou sozinha com um estranho, após ter atirado naquele homem. E naquele outro garoto.
Fiquei surpresa ao não me lembrar do nome do menino que Cristopher matara. Sabia apenas que ele estava na nossa turma e era irmão de uma das minhas colegas.
Cristopher: Ah, pensei que você já teria encontrado a resposta para isso. Por que diabos eu iria querer uma criança ao meu lado quando eu precisava cuidar da minha vida? Vamos, você faria o mesmo.
Ele estava certo, parcialmente. No lugar dele, teria levado quem quer que estivesse comigo para algum lugar seguro, e aí sim desaparecido.
Cristopher: Você está pensando sobre isso, não está? Será que estamos desenvolvendo algum tipo de ligação?
Cristopher se aproveitou do único momento que fiquei desatenta. Antes que eu pudesse voltar a encará-lo, ele apareceu na minha frente, mais próximo do que eu considerava apropriado.
Também não soube como responder aquilo, mas precisava inverter a situação.
Ensaiei uma resposta, mas o assassino foi mais rápido. Cristopher me beijou, apoiando uma de suas mãos na parede enquanto a outra segurava meu queixo — um gesto mais firme do que gentil.
Tentei empurrá-lo, mas eu estava certa quando avaliei sua força. Isso só fez com que ele se aproximasse mais. Podia senti-lo rindo, enquanto continuava a ação. Não era algo romântico ou doce, mas sim selvagem e violento. Era grosseiro, forçado. Minhas tentativas de afastá-lo estavam sendo em vão e pareciam diverti-lo.
A mão que segurava meu queixo desceu até minha cintura. Ele interrompeu o beijo, me encarando com o mesmo olhar malicioso que eu já havia visto em alguns dos estupradores que tive a oportunidade de matar. Não era sexy, mas sim assustador. No entanto, não me deixei abalar.
Ele sussurrou em resposta ao meu olhar de fúria e insatisfação.
Cristopher: Ah, Charlotte. Não tente ser uma boa menina agora. Você veio até aqui por mim, não foi? Vamos fazer isso valer a pena.
Tentei empurrá-lo novamente, em vão. No mesmo momento em que lembrei da arma de Santiago, o assassino a encontrou em meu bolso e a jogou para longe.
Cristopher agarrou meus quadris com as duas mãos e iniciou uma série de beijos e sussurros grosseiros ao meu ouvido. Enquanto eu tentava feri-lo de alguma forma, ele forçava nossos corpos um contra o outro.
Não pude conter um gemido quando ele fez uma pausa de milésimos, voltando a me encarar. Isso pareceu excitá-lo ainda mais, pois seus lábios estavam de volta aos meus antes que eu pudesse assimilar a ação. Senti uma de suas mãos subindo pelas minhas costas, por baixo da blusa. Teria alcançado o fecho do meu sutiã, se uma voz não tivesse o interrompido.
Talvez essa fosse a única vez em que eu sentiria prazer com uma aparição de Santiago.
Santiago: É bom saber que vocês estão bolando um plano.
Cristopher interrompeu a ação, mas não me soltou. Percebi que sua outra mão segurava meu pulso direito como que em defesa, e me perguntei qual dos meus ataques o haviam incomodado.
Scott: Será que estou interrompendo algo importante aqui?
Cristopher sorriu com a mesma malícia de antes e finalmente me soltou, voltando para o seu lado da sala.
Cristopher: Nada que eu não faça todos os dias.
Com o afastamento do assassino, pude enfim retomar o fôlego. Scott entrou na sala, vindo até mim.
Sua voz era um sussurro com uma violência controlada.
Scott: Você está bem?
Evitei seu olhar. Por algum motivo, não soube bem como responder a pergunta.
Fisicamente? Sim, aparentemente. Não havia sido ferida, apesar dos beijos forçados.
Mentalmente? Eu já não tinha certeza. Já havia me conformado com a frieza de Cristopher, mas não imaginava que o assassino seria capaz de tanto.
Scott: Charlotte?
Notei sua voz se suavizar. Com um esforço maior do que eu pensei que seria necessário, levantei a cabeça, olhando Scott nos olhos.
Charlotte: Estou.
Scott pareceu entender algo que talvez nem mesmo eu havia entendido, e agradeci mentalmente por isso. Ele se ajeitou ao meu lado, com as mãos no bolso da calça social.
Charlotte: Você tem algo contra o jeans?
Scott: Não. Na verdade, ele fica muito bem em mim. Não que isso seja algo surpreendente.
Revirei os olhos e o vi sorrindo como sempre: provocador, mas com uma gentileza escondida.
Santiago entrou na sala carregando uma bolsa um pouco maior das que eu usava para transportar o material necessário para os meus trabalhos.
Santiago: Agora que vocês se resolveram, deixem-me explicar o plano.
Ficamos todos em silêncio enquanto o informante falava.
Santiago estava montando uma equipe que nos ajudaria no combate contra Alexander e os outros policiais. Não fiquei surpresa quando disse ter um infiltrado na delegacia, e que o delegado desconfiava da minha aproximação com Cristopher. Parecia que, se eu não voltasse esta noite, a guerra estaria declarada.
O informante retirou uma sacola plástica de dentro da bolsa e colocou-a no chão.
Santiago: Vocês vão passar a noite aqui. Vou voltar para buscá-los amanhã, com base nas informações que eu terei. Dúvidas?
Nenhum de nós respondeu. Pegando a bolsa novamente, Santiago andou até a porta, parando por um momento.
Santiago: Se vocês se matarem nas próximas horas, não pensem que vou levar os corpos de vocês para um enterro cheio de flores. Lembrem disso quando estiverem discutindo.
Ele saiu, deixando o silêncio e sacola plástica na sala. Pouco mais de dez minutos se passaram até nos mexermos.
Scott e Cristopher abriram a sacola, enquanto eu pegava minha arma novamente. Santiago havia nos deixado três garrafas de água, algumas barras de cereais e balas extras para as armas.
Dividimos os itens sem nenhum tipo de interação e voltamos para nossos respectivos lados. Dessa vez, sentamos todos no chão.
Cristopher analisava as balas deixadas por Santiago, numa tentativa de se distrair. Scott, ao meu lado, encarava o assassino fixamente. Parecia perdido em suas memórias e estava visivelmente tenso. Me perguntava o porque de ele estar perseguindo Cristopher. Eu tentara perguntar uma vez, mas ele apenas demonstrou uma forte irritação e não me deu uma resposta, o que era algo realmente anormal para Scott.
Charlotte: Você está bem?
Scott: Por que não estaria?
Eu não sabia responder. Seu tom era quase mecânico.
Scott: E você?
Charlotte: O quê?
Scott: Está bem?
Por um momento pensei que ele havia enlouquecido.
Charlotte: Você já me perguntou isso.
Scott: Ah, não estamos tentando desenvolver algum assunto? Você sabe, fortalecer nossos laços durante o conflito que enfrentaremos nas próximas horas...
Charlotte: Não.
Cristopher segurava as balas como se ainda as tivesse analisando, mas eu sabia que nos observava. Tinha a sensação de que, quando Scott e eu nos distraíssemos, ele nos mataria e fugiria. Provavelmente sequer se daria o trabalho de esconder os corpos.
Scott: Charlotte.
Encarei Scott, esperando uma continuação.
Scott: Você notou que essa será nossa primeira noite juntos?
No primeiro segundo, eu não soube como reagir. No segundo seguinte, revirei os olhos.
Charlotte: Eu vou atirar em você.
Pela primeira vez desde que havia chego, Scott relaxou por um momento e sorriu.
Scott: Você não faria isso.
Preparei uma resposta, mas nosso diálogo fora interrompido.
Cristopher: Eu faria.
 Scott, que olhava em minha direção esperando uma resposta, voltara a encarar o assassino. Vi quando suas feições se endureceram e as costas se endireitaram com a tensão. Ainda assim, ele tentava não se mostrar abalado.
Cristopher sorria de uma forma macabra. As balas agora estavam todas juntas em sua mão.
Passamos horas em um silêncio absoluto. Alguns minutos depois da última palavra dita, os assassinos iniciaram uma tempestuosa briga por meio de olhares. Eu quase podia lê-la e isso foi a única coisa que me manteve atenta nesse tempo.
A expressão de Scott era uma espécie de olhar mortal que eu jamais havia visto, sequer pensava que ele tinha capacidade para algo do tipo. No entanto, Cristopher apenas o observava, relaxado e sorrindo. Parecia satisfeito, e eu tinha a sensação de que ele estava se divertindo tanto quanto se estivesse numa praia, o que irritava tanto a mim quanto Scott.
Cristopher: Scott, eu sou tão hétero quanto atraente. Você não vai me seduzir pelo olhar.
O som repentino me deixou desnorteada por um momento. Olhei para Scott, que estava a ponto de explodir.
Observando a relação dos dois, percebi que eu era mais paciente do que acreditava ser.
Cristopher: Você não devia se estressar. Dizem que estraga a pele.
Eu tinha quase certeza de que estava vendo uma aura negra fluir de Scott, mas ele apenas riu sem humor.
Scott: Quando tudo isso acabar, você estará morto. Acha mesmo que estou preocupado?
Cristopher: Na verdade, estou até mesmo impressionado por você não se esforçar em adiantar esse fato.
Scott murmurou algo que não entendi e, antes que eu pudesse piscar, partira para cima de Cristopher, que se levantara e agora estava contra a parede, parte da camisa sendo torcida por uma das mãos de Scott. Me levantei quando notei que a outra mão segurava uma arma.
Antes que eu pudesse me aproximar, Cristopher empurrara Scott e acertara um soco em seu rosto, mas que incrivelmente pareceu não surtir efeito. Antes que pudesse golpeá-lo mais uma vez, o assassino de terno chutou o segundo no estômago, deixando-o sem ar por tempo suficiente para acertar o cano da arma no rosto do homem.
Engatilhei minha arma e puxei Scott para trás no exato momento em que Cristopher avançou uma segunda vez. Dessa vez, o chute que colocou o assassino contra a parede veio de mim. Antes que pudesse reagir, peguei a arma de Scott e me coloquei entre os dois, preparada para atirar em qualquer um.
O único som na sala era da respiração ofegante dos dois.
Ainda com os braços esticados que apontavam as armas para os assassinos, virei o rosto em direção a Cristopher apenas o suficiente para vê-lo com a minha visão periférica.
Charlotte: Eu não me importo de matar você agora.
O silêncio continuou por alguns segundos, até Scott ensaiar um passo em minha direção. Não me dei o trabalho de encará-lo para emitir o primeiro — e único alerta.
Charlotte: Eu não faria isso.
Ele hesitou e então voltou para a parede oposta.
Depois de alguns minutos em silêncio, abaixei os braços, mas permaneci no meio da sala. Vez ou outra eles abriam a boca com a intenção de dizer algo, mas logo desistiam.
Charlotte: Não me façam acreditar que estou lidando com idiotas.
Cristopher ajeitou a postura e limpou o sangue que começava a escorrer do corte no rosto, provocado pela arma de Scott. Da maneira mais indiscreta possível, ele me analisou de cima a baixo com outro de seus olhares repulsivos, e então se sentou com a cabeça baixa, mas visivelmente irritado.
Após alguns segundos o observando, tendo certeza de que não me atacaria pelas costas, caminhei em direção a Scott e devolvi sua arma de maneira grosseira. Ele estava com a aparência melhor que a de Cristopher, mas o enorme hematoma em seu rosto me sensibilizou por um segundo.
Mas foi apenas um segundo.
Scott pegou a arma e sussurrou em resposta a minha ameaça anterior.
Scott: Você não atiraria em mim.
Minha resposta foi apenas um olhar direto cheio de significado.
Nos sentamos como antes e o local permaneceu em silêncio até o anoitecer.
A luz da lua não era o suficiente para iluminar a sala, de forma que não víamos mais do que a silhueta de cada um.
Minha raiva passou com o tempo, sendo substituída por sentimentos como frio e cansaço.
Acabei me perdendo em pensamentos supérfluos, como o porquê de eu ter escolhido não ter levado uma jaqueta ao sair pela manhã, seguido pela lembrança de que eu não planejava fugir de tudo e todos de repente.
Percebi que refletir não estava sendo uma boa ideia, então optei por observar Cristopher.
Minha visão não demorou tanto quanto eu esperava para se acostumar com a iluminação noturna, e logo eu percebi que o assassino estava adormecido. Ou rezando.
Não, ele realmente estava dormindo.
Não pude conter um suspiro enquanto abraçava as pernas. O frio nunca me incomodara e sequer estávamos no inverno, mas meus braços estavam arrepiados e a única coisa em que eu pensava era como podia ventar dentro daquela sala.
Me assustei quando Scott colocou um de seus braços ao redor de mim, me puxando para perto.
Tentei me desvencilhar, mas ele insistia. Sussurrei, repreendendo-o.
Charlotte: Scott.
Scott: O quê?
Ensaiei uma resposta, mas ambos paralisamos por um momento antes do ódio fervilhar quando fomos interrompidos.
Cristopher: Então eu preciso vestir um terno pra podermos transar? Alguma marca específica?
Me levantei e fui para o canto do meu lado da sala, lançando um olhar mortal para Cristopher no processo. Scott mal se mexeu no lugar, também fuzilando o assassino mentalmente.
Me encolhi da melhor maneira possível para aquecer os braços, mas tentei não fechar os olhos. Sabia que, se o fizesse, acabaria dormindo logo.
Cristopher: Querem jogar roleta russa?
Enquanto pensava numa resposta, notei que, ao lado de Cristopher, suas balas estavam enfileiradas. Cada vez mais eu tinha certeza de que ele era louco.
Scott: Só se tivermos a certeza de que é você quem perde.
O outro assassino fez uma pausa e sorriu em deboche.
Cristopher: Então já falam um em nome do outro? Ah, que romântico. Me convidem para o casamento. Quer dizer, se tiver boas madrinhas. Se não, nem percam tempo.
Nojo. Era a única coisa em que eu conseguia pensar.
Eu sabia que a maioria dos assassinos de aluguel não eram tão gentis como eu ou Scott, mesmo tendo alguns critérios. Alguns, por exemplo, não matava crianças ou grávidas, mas eram inimaginavelmente rudes.
Mas Cristopher era nada além de uma criatura sanguinária, repulsiva.
Cristopher e Scott passaram algum tempo trocando comentários ofensivos e, mesmo estando claro a raiva de Scott, seu tom de voz pacífico me impressionou. Quem não o conhecesse jamais pensaria que, a qualquer momento, ele poderia pegar a arma e atirar no assassino.  Nem eu acreditava muito na ideia, por mais possível e próxima que fosse.
As horas se passaram e não pude resistir ao sono.
Como sempre, não tive sonhos.