domingo, 28 de abril de 2013

Anjos Caídos - Capitulo 8: Não me escondam nada!

Era tarde, eu estava na casa de Mi-cha. Era uma festa de família, e me obrigaram a ir. Eles realmente diziam que eu era parte dela. Os meninos foram brincar de uma coisa, e as meninas de outra. Eu não queria brincar, fiquei apenas olhando. Os meninos vieram nos chamar para brincar de esconde-esconde, já que a casa da Mi-cha era muito grande, principalmente as áreas ao ar livre, o único lugar que podíamos fazer o que quiséssemos nessas festas. Acabei por aceitar. Resolvemos decidir quem iria procurar num jogo de rainha. Aquele que ganhasse, escolheria um dos perdedores para procurar.
A ordem seria: Mi-cha, a prima que me odiava, o primo mais velho, o segundo primo mais velho, o primo mais novo, eu.
O jogo começou e todos deram os três passos para trás.
Todos: RA-IN-HA.
Mi-cha deu dois passos até a prima que me odiava, e recuou um. A prima que me odiava ficou entre tentar me tirar do jogo e tentar tirar Mi-cha. Optou por tentar me tirar, e deu os três passos até mim, com raiva. Ela quase conseguiu, mas recuei. Ela pareceu ter ficado irritada com isso, já que pelo o que eu havia percebido, ela tinha colocado toda sua força para pisar no meu pé. O primo mais velho foi até Julia (a prima que me odiava), mas não conseguiu. O segundo primo mais velho tentou ir até Mi-cha, mas não chegou nem perto. O mais novo tentou ir até o mais velho. Julia estava conversando com Mi-cha, e não percebeu que era minha vez. Consegui tirar ela. Ela ficou com muita raiva, mas não fez nada, apenas saiu. Agora a ordem era: Mi-cha, o primo mais velho, o segundo primo mais velho, o primo mais novo, e eu.
Mi-cha foi em direção ao mais novo. O mais velho tentou me tirar, mas em vez de no ultimo passo recuar, ficou ainda mais perto de mim, mesmo não me acertando. Estava perto o suficiente para eu sentir sua respiração. Os dois mais velhos se entreolharam, e em seguida, o segundo mais velho foi até o mais novo. O mais novo tentou pisar no pé de Mi-cha, mas não conseguiu. Era minha vez, dei três passos pra trás. Percebi que todos ficaram observando, já que eu podia muito bem ter tirado o Antonio (o primo mais velho). Resumidamente, acabou que Antonio venceu, e mandou eu procurar. Todos foram se esconder. Fiquei no jardim da frente. Me encostei na parede, fechei os olhos e comecei a contar até 10.
Terminei de contar e me virei enquanto abria os olhos. Dei de cara com Antonio, que parecia estar me esperando. Não tinha ninguém ali alem de nós dois. Ele apoiou suas mãos na parede, me impedindo de sair dali. Agora eu estava entre a parede e ele. 
Seu rosto ficava cada vez mais próximo do meu. Eu estava com vontade de gritar, mas não acho que adiantaria, afinal, ninguém poderia fazer nada. Os parentes mais velhos estavam no outro lado da casa, onde realmente não se dava pra ouvir muito bem o que acontecia lá na frente. E os primos e Mi-cha? Do jeito que são fofoqueiros, capaz de ficar assistindo. E Mi-cha realmente não poderia fazer nada. 
Pelo canto do olho, vi Matthew e um outro garoto passando. Matthew estudava na mesma sala que eu e Mi-cha. Sempre achei ele arrogante. O outro menino eu não conhecia. Quando ele passou bem em frente a casa de Mi-cha, tentei chamar por ele, mesmo que fosse num sussurro. Eu estava nervosa com a situação, e por isso minha voz ficou meio "falhada". 
Meiling: Ma... Matthew!
Só depois que chamei que comecei a pensar o que ele poderia fazer. Simplesmente nada, no meu ponto de vista. Antonio ignorou, mas Matthew começou a andar mais devagar.
Meiling: Matt...
Ele finalmente parou e se virou, e vendo a situação, reagiu de uma forma que eu realmente não esperava. 
Matthew: EI! O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTA FAZENDO COM A MINHA NAMORADA? MEI, O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Eu fiquei vermelha, enquanto Antonio e o amigo de Matthew olhavam sem entender. Antonio me soltou. 
Meiling: Não vou mais jogar.
Abri o portão e sai para falar com Matthew. O empurrei para apressar o passo até a esquina, para ter certeza que ninguém ouviria meu "obrigada", e não estragar o "disfarce".
Meiling: Obrigada...
Ele me encarou, suspirou, e revirou os olhos.
Matthew: Tanto faz.
Ele voltou a seguir seu caminho com seu amigo, e eu me virei para voltar pra casa de 
Mi-cha.  
No caminho, comecei a pensar como seria se eu e Matthew realmente fossemos namorados. Comecei a rir.
Meiling: Até parece que eu namoraria um cara arrogante como ele.
Continuei meu caminho, e quando cheguei na casa de Mi-cha, me tranquei no quarto dela e fiquei la até a festa acabar. Ninguém me viu saindo da casa, e nem entrando e indo pro quarto dela.



Cheguei na escola cansada por causa dos acontecimentos do dia anterior. Varias pessoas estavam no meio do patio formando um circulo, algo estava acontecendo ali. Pensei em me aproximar pra ver o que estava acontecendo, mas resolvi ir direto pra sala. No meio do caminho, escutei Mi-cha gritar. Resolvi me aproximar do circulo, e vi que tinha uns 4 meninos da nossa sala agredindo ela. Ela conseguia se defender de alguns, já de outros... 
Joguei minha mochila em cima de uma das mesas que tinha no patio, e entrei na roda. Foi empurrando algumas pessoas que eu consegui entrar na briga, mas quando os quatro me viram, soltaram Mi-cha e foram embora. Eu também faria o mesmo se fosse um deles, afinal, não queríamos que os acontecimentos do sexto ano se repetissem. Foi naquela época que eu descobri que eu realmente era boa em artes marciais.
Mi-cha já tinha deixado sua mochila na sala, então eu peguei a minha e ela me acompanhou.
Mi-cha: Mas como você fez isso? Foi só você chegar que eles saíram!
Comecei a rir.
Meiling: Ah Mi-cha... Foi assim, uma vez no sexto ano, eles começaram a me zoar, e zoar você também. Eles começaram a falar tantas besteiras, que acabei batendo neles. Foi num dia que você faltou. O professor me mandou pra diretoria naquele dia, mas consegui me livrar de levar uma advertência ou suspensão.
Mi-cha: Uma peste desde pequena...
Sorri. Coloquei minha mochila sobre a mesa, e sentei de modo em que eu pudesse me encostar na parede. Mi-cha sentou na mesa dela de frente pra mim. Ela estava me contando como estava sendo o teatro para a aula de português, no qual ela era a unica menina no grupo. Matthew entrou na sala, quando passou por mim, ficou me encarando, e eu encarando ele. Mi-cha se calou. Ele apenas colocou sua mochila sobre sua mesa e saiu da sala. Assim que ele saiu Mi-cha começou.
Mi-cha: Me conta tudo!
Por um momento, eu pensei em contar para Mi-cha o que havia acontecido no dia anterior, afinal, ela já sabia de tudo praticamente. Mas Mi-cha sempre foi "sensível", então resolvi não assusta-la, era capaz de ela criar algum ódio de Matthew por causa disso ou qualquer outro tipo de reação ruim.
Meiling: Nada.
Mi-cha: Até parece.
Suspirei. O sino para o inicio das aulas bateu, mas Matthew não voltou para a sala. Ignorei isso, afinal, ele sabia se cuidar. 
A porta ficou aberta durante as aulas até o intervalo. Eu vi Matthew passar algumas vezes pelo corredor, mas não entrou na sala. Queria saber o que estava acontecendo. 
Fui comprar algo para comer com Mi-cha, estava fazendo muito calor, e os professores não haviam ligado o ar condicionado na sala, mas Mi-cha não parecia estar sentindo calor, mesmo usando uma blusa de manga comprida, que parecia ser muito quente. Até eu que estava com uma blusa de manga curta sentia um calor infernal. 
Meiling: Mi-cha... Você não esta com calor?
Mi-cha: Nã-não...
Ela mudou de assunto na hora.
Mi-cha: Ma-mas e então... Você vai la em casa no fim da aula?
Meiling: Não. Hoje eu preciso treinar.
Ela sorriu. Eu já sabia o que ela estava pensando.
Meiling: Não. Não vou treinar com o Matthew hoje.
Ela fez uma expressão triste. 
Chegamos na cantina, ela comprou um brigadeiro e eu comprei uma garrafa d'água. A atendente perguntou a mesma coisa que eu.
Atendente: Você não está com calor?
Mi-cha sorriu e balançou a cabeça em sinal de não. Não comprei nada para comer, mas Mi-cha insistiu em me dar um pedaço do brigadeiro dela, já que era enorme. Obviamente eu aceitei.
Voltamos pra sala, e Matthew ainda não estava lá. Eu não entendia por que estava me preocupando tanto. 
O tempo passou bem rapido, o recreio acabou rapido e já estávamos na ultima aula. No meio dela, Matthew entrou na sala, e entregou um papel para o professor. O professor assinou algo e Matthew saiu da sala novamente, não olhou pra ninguém sequer. Os sussurros começaram, mas o professor começou a bater no quadro pedindo para que voltassem a ter atenção no conteúdo que estava sendo explicado. 
O sino para o termino das aulas bateu, e o professor foi o primeiro a sair da sala. Fiquei esperando Mi-cha, que estava copiando a matéria do quadro.
Mi-cha: Mei... vai comprar uma água pra mim enquanto eu termino de copiar?
Suspirei.
Meiling: Ta né.
Ela me deu o dinheiro, e no meio do caminho, vi Matthew voltando para a sala. Resolvi segui-lo. Fiquei atrás da porta, tentando observar. 
Mi-cha estava sentada em cima da mesa, com todo o seu material guardado. Sua mochila estava em cima da cadeira. Ela estava com as mangas puxadas para cima, e encarava seus braços. Nem Matthew e nem Mi-cha me viram.   
Matthew foi até a mesa dele e pegou sua mochila.
Matthew: Mi-cha.
Mi-cha não respondeu. Matthew se aproximou dela.
Matthew: Mi-cha?
Mi-cha olhou pra frente.
Mi-cha: Hã?
Matthew a encarou. Levou alguns segundos para ela se tocar que Matthew estava falando com ela. Quando ela se tocou, levou um susto e abaixou as mangas.
Matthew: Nós já conversamos sobre isso.
Matthew parecia estar irritado agora.
Mi-cha: Matth...
Ele não a deixou terminar oque ia dizer.
Matthew: Não. Você prometeu. 
Ele colocou sua mochila de volta em sua mesa. Ela abaixou a cabeça.
Mi-cha: Eu...
Ele a interrompeu novamente.
Matthew: Você sabe pelo o que nós vamos passar. Você sabe de tudo. Por que continua deixando tudo mais dificil?
Agora eu estava curiosa. Pelo o que eles iriam passar? O que Mi-cha tinha feito? Ou melhor, o que ela estava fazendo? O que os dois estavam me escondendo? 
Mi-cha começou a encara-lo. Matthew suspirou.
Matthew: Mi-cha. Espero que você esteja preparada.
Olhei pra minha mochila, a garrafa que eu havia comprado no intervalo estava intacta. Coloquei o dinheiro no bolso e peguei a garrafa. 
Matthew: Eu acho que seria melhor se... você que contasse para a Meiling.
Mi-cha: Eu? Mas eu não acho que se for eu ela...
Eu entrei na sala. Ela parou a frase quando me viu.
Meiling: Me avisasse sobre o que?
O silencio tomou conta.
Meiling: ME RESPONDAM. O QUE VOCÊS ESTÃO ME ESCONDENDO?
Eles se entre olharam.



Eu e um amigo meu resolvemos dar uma saída. Fazia tempo que não conversávamos direito, por causa da escola. A casa dele ficava na mesma rua da casa de Mi-cha, uma menina da minha sala. Foi quando passamos pela casa dela, que eu escutei alguém me chamar.
Alguém: Ma... Matthew!
Comecei a andar mais devagar. Se eu escutasse de novo, iria procurar quem estava me chamando.
Alguém: Matt...
Me virei. Estava ali, com uma cara de desespero, Meiling. Um outro garoto, que parecia ser mais velho que ela, estava prendendo-a contra a parede. Assim que eu a vi, eu percebi que ela queria ajuda. Sem pensar duas vezes, fiz a primeira coisa que me veio na cabeça.
Matthew: EI! O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTA FAZENDO COM A MINHA NAMORADA? MEI, O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Meu amigo e o garoto nos olharam sem entender. Meiling ficou vermelha. O garoto a deixou sair e ela saiu da casa, vindo falar com a gente. Ela nos fez apressar o passo até a esquina.
Meiling: Obrigada...
Tendo a certeza, que eu iria protege-la querendo ou não, respondi de qualquer jeito.
Matthew: Tanto faz.
Ela não disse nada, apenas foi embora, em direção a casa de Mi-cha. Eu me virei para voltar a seguir meu caminho com meu amigo, mas resolvi segui-la, só para garantir. Pedi para ele esperar ali e fui.
Ela começou a rir, e a falar sozinha.
Meiling: Até parece que eu namoraria um cara arrogante como ele. 
Fiquei parado no meio do caminho. Não sei porque, mas aquilo me atingiu um pouco. Dei meia volta. Eu tinha certeza que agora ela ficaria bem, então não me preocupei.



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