sábado, 31 de maio de 2014

[CENTÉSIMO POST] Capítulo especial

Como o próprio título já diz, este é o centésimo post do blog. Claro que eu não podia deixar passar em branco.
Para comemorar (para mim, isso é uma grande conquista), farei uma história de capítulo único, com a maioria dos personagens das minhas histórias (Minha Nova Vida, Anjos Caídos, Um Novo Level e Suspect) juntos. 
Quero lembrar que este capítulo não vai interferir nas outras histórias, é um especial.
A narração será feita em terceira pessoa, pois, como cada história tinha seu narrador, o trabalho para dividir como em Um Novo Level seria enorme.
Este post contém spoilers.
Sobre a idade dos personagens: eu resolvi que alguns envelheceriam, e outros não. Os personagens de Minha Nova Vida, estarão com a mesma idade (12 anos, por ai); Os personagens de Anjos Caídos, estarão um tanto mais velhos, já tendo até mesmo filhos; Os personagens de Um Novo Level estarão na época em que procuravam algo que pudesse leva-los para casa; Os personagens de Suspect estarão na idade do início da história, já que ainda não houve nenhum desenvolvimento que explicasse mais sobre a vida deles no dia a dia.


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Charlotte já não sabia mais onde estava, mas isto não era importante no momento. Depois de anos de procura, ela finalmente achara Cristopher.
Ele corria rápido o suficiente para Charlotte quase perdê-lo de vista. Não sabia se estava fugindo dela ou de outro alguém.
Cristopher sumira de vista. Charlotte percebera que estava muito afastada da cidade. Olhando em volta, notou que estava em meio a uma ladeira. Suspirou.
O cansaço começou a domina-la, e quando pretendia tentar se sentar, alguém a empurrou. Não conseguindo ver ao menos o rosto de quem praticara tal ato, Charlotte sentiu a dor de alguns machucados sendo feitos. Agora, estava tão cansada que mal podia abrir os olhos. Sentiu o toque da água em uma de suas mãos. Supondo que caíra na beira de rio, desmaiou.
Algumas horas depois, acordara com um grito.
Alguém: MATTHEW!
Era uma voz feminina. 
Ainda tentando lembrar do que havia acontecido, percebeu que agora estava num lugar desconhecido. Um tipo de caverna. 
Olhando para seus braços, notou que todos os machucados que sentira ao cair, não estavam ali. Haviam misteriosamente desaparecido.
Ao tentar se levantar para procurar uma saída, foi parada por correntes. Só então, notou que em seus pulsos haviam dois braceletes de prata com correntes, que se prendiam até a parede.
Alguém: Como você pôde prendê-la assim? Ela não fez nada ainda. Você só precisava cura-la.
Olhando para onde a voz se seguia, viu um garoto, provavelmente o tal Matthew, conversando com uma asiática. Seus cabelos eram tingidos com uma cor avermelhada, mas próximo de um castanho.
Matthew: Eu só quis me prevenir, tudo bem? Ela estava armada, poderia nos atacar. Você estaria preparada para um ataque surpresa? Principalmente de alguém que nem sabemos o tamanho da força?
Charlotte pensou em conferir, para ter certeza que haviam lhe tirado as armas, mas não queria fazer nenhum tipo de barulho.
Ela abriu a boca para dar uma resposta, mas foi interrompida por uma segunda voz feminina.
Outra voz: MATTHEW!
Ele suspirou. Procurando evitar repetir as últimas falas, Charlotte notou que ele começara a andar em sua direção.
Matthew: Ela acordou.
Tentando não demonstrar medo, permaneceu em pé e parada até Matthew se aproximar. 
Matthew: Seja sincera, e então você pode sair daqui como se nada tivesse acontecido, certo? 
Ela preferiu não responder.
Matthew: Tudo bem. Vamos começar com uma pergunta fácil... Quem é você?
Charlotte, permanecendo em silêncio, deixava Matthew cada vez mais irritado.
Matthew andou um passo para trás, claramente estressado.
Matthew: Vamos tentar mais uma vez... Quem é você?
As duas garotas estavam encostadas em uma das paredes, observando tudo atentamente.
Com um suspiro, ele se afastou mais um passo, e então ergueu sua mão. As correntes começaram a brilhar de uma maneira mágica. Ela começara a sentir medo. Matthew lentamente fechava sua mão, ainda erguida. Charlotte notou que os braceletes começaram a ficar cada vez mais apertados. Logo, as correntes também se encurtariam. A dor começou a incomoda-la. Matthew sorriu.
Matthew: Eu posso ficar aqui o dia inteiro. Mas... creio que você não vai querer isto...
Charlotte tentava conter um gemido.
Matthew: Creio que você irá cooperar conosco...
Estava claro que ela não falaria nada até ser realmente necessário. Matthew, visivelmente irritado, apertava cada vez mais as correntes. Logo, elas começariam a machucar Charlotte seriamente.
Outra voz: Matthew. Chega.
Ele se virou para encara-la. A asiática caminhou até Charlotte, e Matthew andou até a garota que o mandara parar. Eles começaram a sussurrar, e a garota observava Charlotte de perto.
Charlotte tentava esconder sua dor o máximo possível.
Alguém: ... Oi?
Ela sorriu.
Alguém: Você não precisa ter medo de nós. Eu sou Mi-cha, e aquela é Meiling.
Ela apontou para a outra garota. 
Mi-cha: Obviamente, você já conheceu Matthew.
Charlotte estava desconfiada.
Mi-cha: E você? Quem é você?
Charlotte pensou duas vezes antes de responder. Não sabia quem ou o que eles eram. Se descobrissem sua identidade, não fazia a minima ideia do que aconteceria depois. Por outro lado, os braceletes estavam realmente a machucando.
Ela preferiu arriscar.
Charlotte: Charlotte.
Sua resposta saiu num tom baixo, quase que inaudível.
Mi-cha: Como?
Charlotte: Charlie... Char... lotte.
Ela lutava para se livrar das correntes, mas era cada vez mais impossível.
Mi-cha estava um tanto brava com tal atitude do garoto.
Mi-cha: Matthew, solte-a.
Ele se aproximou.
Matthew: Me dê um bom motivo para isso.
Matthew encarava Charlotte com um olhar de fúria.
Uma mão tocou seu ombro. Matthew se virou e deu de cara com Meiling.
Matthew suspirou, e então com um rápido movimento das mãos, fez com que Charlotte fosse libertada.
Charlotte caiu no chão, e rapidamente tocou seus pulsos, tentando fazer com que a dor fosse embora por meio de massagens. 
Mi-cha se agachou, ficando na mesma altura que ela. 
Os outros dois fizeram o mesmo.
Meiling: Então, o que estava fazendo por aqui?
Lágrimas enchiam os olhos de Charlotte, mas ela se recusava a chorar. Preferiu responder de maneira sincera, tentando evitar contar detalhes que considerava desnecessários, como o dela ser uma assassina.
Charlotte: Eu estava atrás de um amigo que eu não via há muito tempo. Ele estava fugindo de algo, e ele acabou sumindo quando cheguei na ladeira. Eu... estava cansada... iria me sentar... 
Ela fez uma pausa, e a cena se repetia em sua mente.
Charlotte: Eu admito que já estava fraca e também não sabia onde estava. Foi quando senti alguém me empurrar. Eu lembro de ter sentido diversos machucados sendo feitos durante a caída. Eu lembro de não conseguir se quer abrir os olhos... E eu sentia a água...
Um garoto entrou correndo no local, parecia um tanto preocupado. Não notara sua presença.
Um garoto: Tem mais alguém se aproximando.
Enquanto os três se levantavam, Mi-cha sussurrou.
Mi-cha: Este é Nicholas...
Ela sorriu, e então estendeu a mão para ajudar Charlotte se levantar.
Meiling: Esconda-a.
Mi-cha fez um sinal positivo com a cabeça. Pegando uma espada próxima a uma pedra, Mi-cha guiou Charlotte até uma rocha. As duas se esconderam ali.
Nicholas descrevia quem se aproximava.
Nicholas: São três garotos e uma garota. Todos armados. Dois com espadas e um deles, não tenho certeza, mas acho que é magia. A garota está com flechas.
Matthew: Mei, consegue lutar com os dois de espadas?
Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça.
Matthew: Nicholas, cuide da arqueira. Eu fico com o mago.
Eles iam para suas posições, quando Meiling se manifestou.
Meiling: Esperem. Não machuquem ninguém. Matthew.
Ele suspirou, mas concordou. Todos foram se esconder.
Charlotte sussurrou para Mi-cha.
Charlotte: Espere... Me devolvam minhas armas. Eu posso ajudar.
Mi-cha estava séria, olhando para a entrada da caverna atentamente.
Mi-cha: Não posso fazer isso.
Charlotte: Mas...
Mi-cha pediu silêncio, e Charlotte se calou.
Não demorou muito para o grupo descrito por Nicholas aparecer. Eles estavam atentos a todos os movimentos. 
Ninguém os atacou, e então eles saíram de suas posições. 
Matthew e Meiling atacaram como o combinado, deixando a arqueira sozinha. Nicholas surpreendeu a garota, imobilizando e desarmando-a. 
Em poucos minutos, os quatro estavam presos apenas por uma corda em seus pulsos e pernas.
Charlotte não viu para onde suas armas foram levadas, mas tinha certeza que era para o mesmo lugar que as dela.
Mi-cha e Charlotte saíram do esconderijo, indo em direção ao circulo que se formava ao redor dos recém "prisioneiros".
Matthew suspirou.
Matthew: E vocês, quem são?
Um dos garotos: Eu sou o Holstenan. Este é o Mahoma, e este é o Kalestri. Ela se chama Luna.
Holstenan estava claramente nervoso. Mahoma tentava não xingar o companheiro.
Matthew: O que estavam fazendo aqui?
Os colegas lançaram um olhar de ódio para Holstenan, tentando mantê-lo em silêncio.
Meiling, ao notar que Matthew iria partir para algum tipo de agressão, o segurou.
Meiling: Pare com isso. O que deu em você hoje?
Ele permaneceu calado.
Mi-cha ficou com a tarefa de fazê-los contar algo, e Charlotte ficara com ela.
Enquanto isso, Meiling afastara Matthew do grupo.
Meiling: Você está bem?
Matthew: Por que não estaria?
Meiling: Matthew... Nós já passamos por isso. Você sabe que...
Ela foi interrompida por Mi-cha. Meiling percebeu que Charlotte ficara com os outros.
Mi-cha: Consegui.
Matthew: Dessa vez foi mais rapido.
Mi-cha: Realmente. Eles dizem ser de outro planeta... Guilenor. 
Meiling: Mi-cha, já não passamos dessa idade?
Mi-cha: Eles estão falando a verdade. Aquele garoto, Holstenan... Ele estava totalmente desesperado. O outro, Mahoma, disse que estavam procurando um portal, e acidentalmente vieram parar aqui.
Meiling: Na Terra? Eu devo mesmo acreditar nisso?
Mi-cha: Sim. Parece que eles não tinham certeza de onde estavam. Mahoma e Luna são daqui, e outras duas amigas deles também.
Matthew: Não farão nenhum mal, suponho.
Matthew caminhou até eles e os soltou.
Matthew: Vocês devem descansar.
Eles se entreolharam, provavelmente assustados.
Charlotte: De qualquer forma, eu irei embora. Aproveitem a estadia. 
Ela se levantou.
Matthew: Você deve ficar também.
Charlotte o encarou.
Meiling: Ele está certo. Você não está totalmente recuperada, pode acabar se machucando novamente se tentar voltar para casa agora. E também, já está escurecendo. É perigoso.
Charlotte percebeu que Meiling estava certa. Sorriu de maneira tímida, e então se sentou perto dos recém chegados.
Algumas horas depois, todos adormeceram.
Meiling acordara no meio da noite. Olhou ao redor, e viu Nicholas e Mi-cha dormindo lado a lado. Pegando sua coberta, foi até o lado de fora da caverna.
Meiling: Está frio.
Dando sua coberta para Matthew, se sentou ao lado dele. Era fácil notar que estava preocupado. Havia anos que Meiling não o via assim.
Os dois encaravam um rio.
Matthew: Eu não quero acabar como o meu pai. Se ao menos... eles fossem mais novos...
Sua voz estava trêmula.
Matthew: Mas... eles precisam de nós. Se algo acontecer com qualquer um...
Ele fez uma pausa. Os olhos de Meiling começaram a ser dominados pelas lágrimas, mas ela se recusava a chorar.
De repente, Matthew ficou sério.
Matthew: Ele nunca deveria ter fugido. Ele foi selado. A magia utilizada foi forte o suficiente para aprisiona-lo por alguns séculos. Só existe uma maneira...
Ele ficou pensativo.
Meiling: Qual?
Matthew: Se alguém o libertasse.
Meiling: Mas o lugar no qual o escondemos... era fisicamente impossível alguém conseguir pega-lo.
Matthew: Não. Existe um método. Mas não pensei que alguém o usaria.
A expressão de Meiling agora era de surpresa, enquanto a de Matthew era de desespero e preocupação. 
Meiling: Matthew...
Seus olhos se encontraram.
Meiling: Nós vamos conseguir.
Eles sorriram de maneira determinada.



Jessica: Você ao menos sabe onde estamos?
Caio fez um sinal negativo. Jessica suspirou.
Jessica: Lucy...
Os irmãos pararam para encarar Jessica.
Jessica: Podemos parar?
Lucilla: Não até descobrirmos onde estamos. Se Caio não tivesse derrubado aquela garota... Poderíamos ter pedido informações.
Caio: Eu tenho quase certeza que ela estava armada.
Lucilla: Exato. Quase. E se não estivesse? De qualquer forma... Ela deve estar gravemente ferida, provavelmente inconsciente agora... Se não estiver morta.
Jessica: Vocês viram aquilo?
Novamente, os dois olharam para Jessica.
Caio: O que?
Esperaram um momento.
Jessica: Eu podia jurar que tinha...
Jessica não conseguiu terminar a frase, pois o medo a dominou. Atrás de Caio e Lucilla, a figura sombria de um homem com gigantes asas negras, sorria de maneira assustadora.
Azazel: Vocês não devem andar sozinhos numa floresta, principalmente a esta hora, sabiam?
Caio e Lucilla se viraram e, assustados, ficaram imobilizados, assim como Jessica. 
Os olhos de Azazel ficaram totalmente negros, e então os três amigos desmaiaram.


O dia amanheceu para os grupos de amigos. Mesmo sendo nove, não foi difícil para que todos memorizassem os nomes de cada um. 
Quando todos já estavam bem acordados, Charlotte começou a se manifestar.
Charlotte: Acho que devo ir. Obrigada por cuidarem de mim.
Matthew: Você tem certeza? Vai ficar bem mesmo?
Ela afirmou.
Após a despedida, Charlotte saiu da caverna, e foi em direção a ladeira. Tomaria mais cuidado desta vez.
Algum tempo depois, os amigos de Guilenor também resolveram voltar para seu mundo, mas para isso, precisaram da ajuda de Matthew para reabrir o portal que os levara até a Terra. Foi uma tarefa fácil, no entanto.
Meiling, Matthew, Mi-cha e Nicholas estavam sozinhos novamente. Poderiam então, voltar a sua missão: salvar seus filhos de Azazel.
Foi quando Nicholas estava na beira do rio, quando o brilho de uma pedra chamou sua atenção. Ao pega-la, ela começou a virar um tipo de lamina. Jogou-a de volta na água, e então uma fumaça negra começou a sair do objeto. Nela, era possível ver um menino e duas meninas, amarrados e desmaiados. Era difícil ver seus rostos, mas ele tinha certeza. Correndo o mais rápido possível, voltou a caverna e contou o que havia visto para os outros. 
Matthew: Não é algo impossível. Mas... E se for uma armadilha?
Mi-cha: Não podemos arriscar a vida de nossos filhos. E se não for?
Eles ficaram pensativos.
Meiling: Matthew... Mais cedo, você havia dito que quando um demônio é libertado, ele fica mais fraco... certo?
Matthew: Dependendo do tempo, sim. Mas eu não sei se passou tempo o suficiente para ele ter enfraquecido consideravelmente.
Meiling: Vamos tentar. Ao menos teremos alguma pista, se for uma ilusão.
Todos concordaram em ir até a moradia de Azazel, mesmo que estivessem com um pouco de medo.
Matthew abriu um portal perto do local, e então os quatro foram andando até o provável lugar que estava seus filhos.
A entrada da caverna estava trancada por uma magia fraca, que, de inicio, eles estranharam. Com um golpe, Meiling abriu a passagem.
Longe, viram duas garotas e um garoto estirados no chão. Até então, sem nenhum ferimento. 
Matthew lançou um leve golpe mágico, para garantir que não havia alguma armadilha. Nada aconteceu. 
Se aproximaram lentamente. Se agachando, Meiling e Mi-cha tocaram o rosto de uma das garotas.
Meiling: Matthew...
Ele se virou.
Matthew: Não são eles.
Agora, os olhos de todos estavam começando a ser dominados pelas lágrimas.
Escutaram o som de deslizamento de rochas, que bloquearam a saída da caverna. Matthew tentou perfurar as rochas com magia, mas elas estavam protegidas da mesma forma.
Nicholas: O que devemos fazer agora?
Matthew olhou ao redor. Sentou-se no chão.
Matthew: Esperar.
Algumas horas depois, Jessica, Lucilla e Caio acordaram.
Se levantaram, e as cordas que prendiam suas mãos sumiram misteriosamente. Em silêncio, caminharam em direção a saída bloqueada. Era como se estivessem hipnotizados. Os outros quatros observavam tudo atentamente.
Um por um, tocaram as pedras. As rochas abriram uma saída, e então eles saíram. 
Ao sair, um barulho assustador de pedras caindo se repetiu, dessa vez pior. Perceberam então, que a caverna estava desmoronando. Sem ter o que fazer, Mi-cha abraçou Nicholas, e Meiling fez o mesmo com Matthew.
Provavelmente, aquele seria o fim.

sábado, 10 de maio de 2014

Suspect - Capítulo 1: Flashback

1. Ignore seus sentimentos.
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Flashback on

Era hora do almoço, por volta de meio-dia. Uma sexta-feira, o nosso último dia onde teríamos aulas no período matutino e vespertino.
Estava no refeitório, sentada em uma das mesas circulares. Meus sentimentos no momento eram de sono e fome, mas não havia levado dinheiro para pagar o almoço.
Logo após encontrar uma posição agradável para dormir, uma bandeja pousou ao meu lado. Levantei a cabeça, assustada pelo barulho causado.
Uma de minhas colegas de sala, Amanda, se sentara ao meu lado. Eramos próximas. 
Fiquei surpresa com a quantidade de comida em seu prato, que parecia ser mais do que ela poderia comer, a julgar pelo seu magro corpo.
Carol, outra de nossas amigas, ocupou um espaço na mesa logo em seguida, também com uma bandeja.
Observei o prato das duas. Amanda era extremamente magra, e aparentemente, a quantidade de comida em seu prato daria para alimentar mais umas duas ou três garotas como ela. Enquanto isso, Carol tinha uma quantidade de quilos considerável, acima do seu ideal. Mesmo assim, seu prato havia tão pouca comida que, provavelmente, nem para uma pessoa como Amanda aparentava ser, aquilo seria suficiente.
Mais tarde, Carol revelou que estava de dieta. 
Olhando para o lado, avistei Cristopher num canto, falando no celular. Ele era um garoto que não se enturmava muito, mas todos sabiam que era extremamente inteligente e habilidoso nos esportes. Suas notas eram uma das melhores do nosso ano.
Lembrando que ele seria minha dupla num dos trabalhos para a próxima semana, resolvi perguntar se alguém sabia algo sobre ele. Tudo o que eu sabia sobre ele era seu nome.
Charlotte: O que vocês sabem sobre o Cristopher?
Enquanto Carol pensava, Amanda tentava engolir o mais rápido possível um pedaço de carne, para poder falar.
Amanda: Eu o vi uma vez depois da escola, acho que ele estava voltando para casa, seguíamos o mesmo caminho. Eu ia tentar iniciar uma conversa, mas quando me virei para chama-lo, havia sumido.
Aquilo não me era útil. Queria saber como era sua personalidade, para saber como lidar com ele.
Amanda: Ah, por que não pergunta ao meu irmão? Ainda há um lugar na mesa em que ele está, vá logo.
Olhei em volta, procurando a mesa que ela havia mencionado. 
Quase todas as mesas do refeitório eram em formato circular, tendo espaço para seis pessoas. Havia algumas retangulares, onde algumas permitiam quatro e outras duas pessoas.
Avistei a mesa, que realmente havia um espaço sobrando. Sem dizer uma palavra, me levantei e fui até lá.
Ao me sentar, todos os olhares vieram para mim.
Charlotte: Cristopher. Me falem sobre ele.
Eles se entre olharam. Era como esperar um computador pesquisar um arquivo. Felipe, irmão de Amanda, foi o primeiro a dizer algo.
Felipe: Não foi ele que bateu naquele novato do ano passado?
Charlotte: O que? Por que?
Fui ignorada.
Um dos garotos: Ah sim. Depois daquilo, ele se afastou e começou adiantar as matérias. Saiu da escola no meio do ano.
Charlotte: Mas o que aconteceu? Não me ignorem!
Um deles olhou para mim.
Outro garoto: A história foi a seguinte. Você sabe que Cristopher é quase que totalmente isolado do resto da turma, certo?
Afirmei.
Outro garoto: Um novato, no ano passado, perdeu para o time do Cristopher no handebol, e quis provocar ele.
Charlotte: E ai?
Outro garoto: Ele começou a zoar Cristopher, dizendo que ele se achava, e havia ganho apenas por sorte.
Felipe: A verdade é que ele sabe escolher um bom time.
Um dos garotos: Exato. Por isso que ele escolheu você para a reserva.
Tive que segurar o riso. Felipe xingou o garoto. O outro garoto, que estava contando a história, continuou.
Outro garoto: O novato sugeriu que jogassem mais uma partida. Mas não outro dia, ele queria naquela hora. E você já deve ter notado que Cristopher é correto. Ele não costuma faltar as aulas. Para jogar mais uma partida, perderíamos em torno de duas aulas. Obviamente, ele negou. O novato começou com as brincadeiras, dizendo que ele estava com medo, você sabe, esse tipo de brincadeira. Cristopher ignorou, mas o novato não parava. Quando Cristopher resolveu sair do vestiário, o novato puxou o braço dele.
Dois dos garotos que estavam sentados na mesa se levantaram e começaram a encenar o ocorrido.
Outro garoto: Ah, mas não deu outra. O novato mal teve tempo de terminar a frase. Cristopher se virou e deu um tapa na cara do garoto, que caiu no chão. O novato se levantou e partiu para cima novamente...
Felipe interrompeu o garoto pela segunda vez.
Felipe: O cara não teve chances.
Suspirando, o garoto continuou.
Outro garoto: Cristopher percebeu que o novato não ia deixar ele em paz. O garoto tentou dar-lhe um soco, mas ele se defendeu com tanta facilidade que até estranhei. Em seguida, começou a bater no garoto. Não precisou muito para fazer o novato sangrar. Creio que se não tivéssemos o impedido, o garoto teria ferimentos graves. Foi naquele momento que percebi que ele era muito, muito mais do que aparenta ser. 
Felipe: Sempre quis saber o porquê dele ser assim. Ninguém sabe nada sobre ele. É... estranho...
O sinal que marcava o fim do almoço bateu.
Felipe: Te vejo mais tarde.
Ele tentou me puxar para perto, mas o empurrei com mais força do que ele esperava. Tinha motivos para acreditar que eu era uma das únicas garotas a recusar a aproximação de Felipe.
Charlotte: Não, não verá.
Fingindo uma expressão triste, ele correu para alcançar os outros garotos que se dirigiam a sala.
Amanda e Carol se aproximaram.
Amanda: E então?
Charlotte: Seu irmão... ele é um idiota.
Carol riu.
Carol: O ódio leva ao amor...
Charlotte: Não fale besteiras.
Começamos a caminhar até a sala.
Amanda: Eles foram úteis?
Charlotte: Creio que sim... Hoje as aulas acabarão mais cedo, certo? Tentarei falar com ele...
Amanda: Boa sorte.

Algumas horas depois

Apressei-me em guardar meu material. Olhando em direção a porta, vi Cristopher já descendo as escadas. 
Sem me despedir de Amanda e Carol, corri para alcança-lo. Ele estava passando o portão da escola, quando finalmente consegui me aproximar.
Charlotte: Então... Oi?
Aparentemente, eu havia sido ignorada.
Charlotte: Você... É o Cristopher, não é?
Sua resposta foi afirmativa, com um movimento quase que imperceptível com a cabeça.
Charlotte: Você sabe que temos um trabalho para fazer juntos, certo?
Percebi que, a essa altura, ele já havia apressado o passo. Eu o acompanhava, com um pouco de dificuldade. 
Ele me respondeu com o mesmo sinal. Eu já estava ficando sem graça, e pensava em continuar meu caminho afastada dele, já que minha casa era na mesma direção que ele estava seguindo.
Charlotte: Então... Quando você...
Jogando sua mochila para um dos lados da calçada, me assustei quando ele falou algo.
Cristopher: Se abaixe.
Charlotte: Como?
Antes que eu tivesse tempo se quer para piscar, ele me empurrou, fazendo com que eu caísse no chão. Escutei o som de dois tiros seguidos.
Ainda no chão, me virei para encara-lo. Uma arma estava apontada, não para mim, mas para um garoto que agora estava estirado no chão, não muito longe de nós.
Ainda com a arma apontada para ele, Cristopher andou até o garoto. 
Me levantei, com um pouco de medo, e o segui.
Cristopher checou a pulsação do garoto, e pude ouvi-lo dizer para si mesmo enquanto me aproximava.
Cristopher: Morto.
Ele parecia pensativo agora.
Me aproximando, arregalei os olhos ao reconhecer o garoto.
Charlotte: Você... Você matou o irmão da Amanda!
Se levantando, ele me encarou, agora sério.
Cristopher: Preferiria que ele nos matasse?
Então notei que Felipe segurava uma arma.
Comecei a pensar em voz alta.
Charlotte: Ele não ia atirar em você... Não... Não em mim... Não em nós... Ele... Ele...
Sentir lágrimas começarem a encher meus olhos. 
Olhando ao redor, Cristopher suspirou.
Cristopher: Vamos, não temos tempo.
Sem que eu pudesse me manifestar, ele segurou meu pulso e começou a correr. Eu mal podia acompanha-lo.
Charlotte: Do que está fugindo?
Entramos num pequeno mercado e nos escondemos entre as prateleiras. Ele pediu silêncio.
Escutamos passos, eram lentos. Confesso que fiquei assustada.
Cristopher tentava controlar sua respiração, que estava um tanto rápida demais devido a corrida. 
Um idoso, asiático, apareceu. Tentava esconder um pedaço de madeira que segurava. Pareceu ficar aliviado ao ver que não era nenhum assaltante. Em seguida, ouvimos passos rápidos passando pela frente do mercado. Esperando alguns segundos, Cristopher foi até a porta.
Cristopher: Passaram reto.
Charlotte: Quem?
Eu estava ficando impaciente.
Ao olhar para mim, Cristopher arregalou os olhos. 
Senti algo encostar na minha cabeça, e então escutei o som de uma arma sendo engatilhada. Meu coração começou a bater rápido.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Suspect - Personagens

Neste post, será listado todos os personagens que influenciarão em Suspect.
No decorrer da história, atualizarei o post.

Charlotte

Nome: Charlotte
Apelido: Charlie
Idade: 23
Sobre sua pessoa: Charlotte nunca se importou muito com a escola. Quando tinha seus dezessete anos, acidentalmente foi incluída numa briga entre Cristopher e um de seus perseguidores.
Charlie aprendeu a lutar com um idoso asiático, dono de um pequeno mercado num bairro pobre, isolado do resto da cidade grande. Alguns anos depois, seu mestre morreu.
Charlotte, após ter decidido virar uma assassina de aluguel, resolveu que não mataria qualquer um. Ela avaliaria. Mataria apenas se a vitima merecesse, se tivesse feito algo realmente maldoso. Mesmo sendo criticada por outros do ramo, ela sempre teve o respeito merecido.
Órfã, Charlotte estava para ser expulsa do prédio onde crescera. O orfanato estava falindo, e já não havia mais espaço para tantas crianças e adolescentes abandonados. Ela mais alguns de idade igual o aproximada, iriam ser mandados embora na próxima semana. Queriam dar espaço para as crianças.

Cristopher

Nome: Cristopher
Apelido: Nenhum
Idade: 24
Sobre sua pessoa: Cristopher começou com sua vida de assassino quando tinha treze anos. Seu pai era alcoólatra, e sua mãe era viciada. Sua família passava por problemas, e eles estavam a ponto de perder sua casa, quando Cristopher foi chamado por um senhor, aparentemente bem de vida. O senhor, em troca de uma casa e dinheiro para a família de Cristopher, pedira apenas um favor: matar uma pessoa. 
A vitima era um homem conhecido no bairro de Cristopher, e sempre o ajudara.
Mas Cristopher precisava de ajuda, e sabia que o homem que deveria matar não o ajudaria. Sem pensar duas vezes, aceitou a proposta. 
Naquela mesma noite, com um pedaço de vidro, Cristopher foi até a casa de sua vítima. A porta estava sempre aberta. Ao entrar, o homem o recebeu com um sorriso. Quando colocou a mão no bolso, Cristopher jogou sua arma, acertando o peito. O homem olhou para seu peito e em seguida para seu assassino. Após a vítima cair morta, Cristopher se aproximou. Uma lágrima escorria pelo rosto do morto, e sua mão saíra do bolso. Ao toca-la, Cristopher viu que o que o homem iria pegar não era uma arma, e sim o dinheiro para o aluguel de sua casa. Cristopher chorou.
Após o acontecimento, o senhor pagou sua parte da troca. Dando uma casa numa das melhores partes da cidade, o "homem do dinheiro", como apelidou Cristopher na época, também pagou todas as dívidas de seus pais. Sua vida mudou completamente.
Um ano depois, Cristopher recebeu uma mensagem. Achou uma carta em sua mochila que dizia sobre a morte do senhor que lhe havia dado a boa vida. Após terminar de ler, achou um segundo bilhete no envelope, que dizia que agora ele estava no jogo. Para proteger sua família, Cristopher virara um assassino. Matava todos que ameaçavam estragar a paz. Até que um dia, por estar se sentindo fraco, preferiu chamar a polícia ao descobrir que sua mãe estava sendo seguida. Duas horas depois, foi chamado para reconhecer um corpo.
Ele não se perdoou pela morte de sua mãe. Seu pai caíra na bebida novamente, e morreu numa briga de bar. Sozinho, agora ele matava por dinheiro. Tentava ao máximo evitar contato com as pessoas, não queria colocar a vida delas em risco também. Sabia o quanto era difícil. 
Cristopher, após receber a carta, descobriu que estava sendo seguido por outros assassinos. Alguns, o queriam morto por causa do seu potencial. Outros, o queriam morto por causa de sua primeira vítima.


Scott

Nome: Scott
Apelido: Nenhum
Idade: 23
Sobre sua pessoa: Scott nasceu numa família extremamente rica. Seu pai herdou a vinícola da família, e logo em seguida conheceu  a mãe de Scott, com quem casou e, juntos, conseguiram dobrar os lucros da empresa.
Com a grande quantia conquistada pela família, os concorrentes ficaram preocupados. Tentaram de diversas maneiras fechar o negócio dos pais de Scott, mas foram todas em vão. Os vinhos de sua família estavam ganhando fama, e perto de serem considerados os melhores do mundo... Até que um de seus rivais resolveram tomar uma atitude drástica e irreversível.
Scott tinha treze anos quando perdeu os pais.
Numa noite como todas as outras, o menino estava assistindo filmes com seus pais. 
Estavam se divertindo como qualquer outra família, até um tiro acertar a televisão. Os sorrisos sumiram dos rostos de todos eles, e o pai mandou que se abaixassem. Segundos depois, tiros invadiram a casa, vindo de todos os cantos e quebrando tudo. 
O pai de Scott mandou sua esposa levar o filho para o terceiro andar da casa, que costumava ser pouco frequentado. 
Ainda agachados, Scott e sua mãe conseguiram entrar no elevador, até então, o único lugar seguro. A porta se fechou, e então eles ficaram em pé. Sua mãe estava pálida e nervosa, e Scott estava com medo. 
A porta abriu no terceiro andar, e então um tiro acertou o peito da mulher, que caiu no chão logo em seguida. Scott não acreditava no que estava vendo.
Um último tiro acertou a cabeça de sua mãe, e pouco tempo depois ele notou que o barulho havia acabado.
Se abaixando ao lado da mãe, ele tentou acorda-la. Tentou todos os métodos que vira nos programas médicos da TV, mas nada.
Com lágrimas nos olhos, correu pela escada até o segundo andar, e viu seu pai no chão, sangrando. Havia levado muitos tiros, mas ainda conseguiu dizer umas últimas palavras para seu filho. "Seja um bom garoto, não me decepcione" foram as palavras que fizeram Scott desabar em lágrimas. 
Após ver seu pai morrer, o menino se levantou e foi até a porta da frente, que já estava no chão, derrubada pelos tiros.
Olhou para seu jardim, e então para a rua. Alguns vizinhos começaram a sair de suas casas para ver o que havia acontecido.
A polícia apareceu, junto de seus avós. Foi nesse momento que Scott notou que fora acertado no braço, mas não havia sentido dor por causa da adrenalina no momento.
O tempo se passara, e ele acabou morando com seus avós. 
Scott começou sua vida no ramo de assassinatos com quinze anos, quando, ao caminhar para a casa de seus avós no fim da aula, viu uma menina sendo agredida por um homem mais velho em um beco. 
O garoto interferiu na briga, e deixou a menina fugir. O homem ficou irritado e começou a socar Scott, e então puxou uma faca de um bolso interno da jaqueta. Enquanto o garoto tentava se livrar do homem, conseguiu faze-lo escorregar e deixar a arma cair, a qual Scott pegou e cravou no peito do homem. Em seguida, correu para longe. 
Ele pensou no que havia feito o resto da tarde, mas então viu que fez o certo. Lembrou do desespero da menina, estava claro que ele ia fazer algum mal a ela, e provavelmente já teria feito a outras crianças. 
No dia seguinte, Scott notou que estava sendo seguido por um carro. Ao virar numa rua deserta, o garoto foi forçado a entrar no carro, e então foi levado para uma casa que parecia abandonada.
No momento em que seus sequestradores o deixaram só, Scott começou a procurar um meio para sair da casa. Quando conseguiu, encontrou as pessoas que haviam o deixado lá sorrindo para ele. Sem entender nada, eles o levaram novamente para dentro da casa, e ofereceram dinheiro em troca da ajuda do menino para matar uma pessoa, mas ele não precisava disso.
Após horas de conversa, Scott viu que a vítima dos homens era realmente uma pessoa ruim, e então disse que iria pensar. Ele foi libertado, e no dia seguinte encontrou as mesmas pessoas o esperando no fim da aula.
Scott aceitou o trabalho, e foi assim que matou sua primeira vítima.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Suspect

Nota: esse não é o inicio da história, apenas avisos sobre ela e sinopse.

AVISOS:

Cada capítulo será iniciado com uma "dica" de Charlotte, coisas que ela aprendera durante sua jornada para se tornar uma boa assassina.

Suspect NÃO é uma fanfic, e sim uma história original minha.

Esta será a primeira história no blog que não haverá a utilização de gifs.

Os personagens serão mencionados em um único post e, caso haja a necessidade de postar a biografia de novos personagens que surgirão durante a história, o post dos personagens será atualizado.

Se for preciso, atualizarei este mesmo post com novos avisos. Fiquem atentos.

Os especiais não irão interferir na história normal.

SINOPSE:


Em meia hora, Charlotte viu duas pessoas serem assassinadas e teve uma arma em seu pescoço.
Ela só precisava terminar um trabalho para a escola, mas para isso, devia ir atrás de Cristopher, o garoto que graças a um sorteio, seria sua dupla. Após segui-lo no fim da aula, Charlotte acaba se tornando testemunha de dois assassinatos, ambos cometidos pelo seu parceiro, o qual a abandona logo em seguida. Sem saber o que fazer, e com medo de ser envolvida em problemas por causa do que viu, a garota é convencida a se tornar uma assassina, sendo treinada pelo mesmo "mestre" de Cristopher.