Minha Nova Vida - Capitulo 4: Segredo

Cheguei na escola, subi as escadas e coloquei minha mochila do lado da minha mesa, no chão. Sentei e comecei a mexer no celular. Caio estava jogando com os outros meninos no fundo da sala, era praticamente um dia normal. Estava só a gente na sala (eu e os meninos jogando), eu não sei onde tava as outras garotas, e nem queria saber. De repente o silêncio tomou conta da sala. Eu estava quieta porque não tinha ninguém pra conversar, e os meninos aparentemente estavam num momento épico. Achava legal, mais não entendia. Escutei um barulho vindo de fora. Quebrei o silêncio e falei

Jessica: As trevas se aproximam, vejam.

Apontei para porta, e assim que Chantelle, Laura, Celina e Leticia (de muletas) entraram na sala, eu fingi que estava mexendo no celular. Os meninos começaram a rir, e eu ri junto. As outras meninas entraram na sala, e todas ficaram na mesa de Celina, me encarando. Não falavam absolutamente nada, só ficavam me encarando. Decidi resolver aquilo naquele instante.

Jessica: Algum problema?

Falei num tom alto, mas com calma, o que daria a impressão que eu queria.

Leticia: Alem de VOCÊ ter torcido meu pé ontem? Só o fato de você estar nesse mundo mesmo.

Leticia falou num tom tão "delicado" que os meninos pararam de jogar e olharam pra Leticia, e depois pra mim esperando uma resposta.

Jessica: Isso foi pouco com o que vocês fizeram com a Lucilla. Cara vocês tem as broncas com ela, comigo, e tal. MAIS NÃO PRECISAVAM CHEGAR A ESSE PONTO.

Senti meus olhos se encherem de lagrimas. A monitora (que era a que cuidava da nossa turma, quase como uma diretora ou coordenadora) escutou a gritaria e perguntou o que estava acontecendo, respondi que não tava acontecendo nada, então ela perguntou o motivo das muletas pra Leticia. Aproveitei o momento e sai da sala correndo. Caio tentou vir atras de mim, mas a monitora disse que queria falar com ele. Os dois devem ter conversado, e acho que sabia porque. Claro, a irmã dele tava no hospital, era isso. O sino bateu, eu ia entrar na sala quando Caio me chamou

Caio: Jessie!

Jessica: Que foi?

Caio: Vou no hospital depois da aula ver como ta a Lucilla... quer ir comigo?

Jessica: Claro, porque não?

Fiquei feliz e ansiosa. Ele nunca me chamou de Jessie...

A aula até o recreio passou voando, fui sair pra comprar meu lanche e percebi que o grupinho tava vindo atras. Fiquei nervosa, vai que tentam aprontar pra mim também? Então misteriosamente Caio apareceu, me puxou pelo braço e só disse

Caio: Vamos.

Estranhei um pouco, mais gostei e entendi o motivo daquilo. As outras começaram a fofocar, mais eu ignorei.

Depois que nos afastamos, fomos conversando como se nos conhecêssemos a anos. Voltamos pra sala e as meninas ficaram olhando pra gente, ele nem foi jogar, ficou conversando comigo. Achei aquilo legal da parte dele. O resto da aula foi normal, bateu o sino e a aula terminou. Estava na hora de irmos ver a Lucy

Jessica: Se importa se eu passar em casa antes de irmos pro hospital? Acho melhor deixar minha mochila em casa, o hospital não é perto e eu não sei se aguento ir até la carregando essa coisa.

Caio: Quem disse que vamos a pé?

Jessica: Eu não tenho dinheiro pra um táxi nem pra um ônibus...

Caio: Você não vai precisar.

Ele pediu pra mim segui-lo. Obedeci. Tinha um carro com motorista esperando a gente. Eu sabia que a Lucilla era rica, mas não sabia que eles tinham motorista. Fiquei impressionada. Caio foi no banco da frente e eu no de trás. Não demorou muito pra chegarmos ao hospital. Chegamos e fomos direto procurar o médico. Ele já estava nos esperando

Médico: Boas noticias. Ela acordou.

Eu e Caio ficamos felizes.

Médico: Se quiserem ver ela, me sigam.

Nós o seguimos, pude ver que o hospital era bem organizado.

Médico: Aqui está. Vou deixar vocês a sós.

Jessica: Ok, obrigada.

Lucilla: Jess?

Ela estava de olhos fechados, como se tivesse medo de abri-los.

Jessica: Pode abrir os  olhos.

Ela parecia não querer, mas lentamente foi abrindo.

Lucilla: Jess! Caio! Eu pensei que...

Percebi que os olhos dela começaram a se encher de lagrimas.

Jessica: Ta tudo bem.

Caio: Como é que você ta?

Lucilla: Se eu estivesse bem não taria aqui.

Tentei segurar o riso.

Caio: Ha ha. Já sabe quando vai ser liberada?

Lucilla: Disseram que não tinha certeza, mais por enquanto terei que ficar umas duas semanas aqui.

Eu fui saindo do quarto pra deixar os dois conversarem a vontade. Eles demoraram umas duas horas. De repente, Caio saiu do quarto.

Caio: Se quiser pode ir ver Lucilla, eu te espero.

Eu não sabia se devia ir, mais fui. Entrei no quarto, mais não tinha intenção de demorar muito.

Lucilla: Jessica?

Jessica: A própria.

Não tínhamos muito o que conversar, então nosso tempo juntas não durou mais de 15 minutos. Sai do quarto do hospital.

Jessica: Vamos?

Caio: Mais já?

Jessica: Não temos muito o que conversar ainda.

Fomos conversando o resto do caminho até ele me deixar em casa. Sentei no banco de trás e ele no da frente. Chegamos na frente do meu prédio.

Jessica: Obrigada...

Caio: Pelo que?

Jessica: De alguma forma... eu sinto que... você tem me protegido.

Ficamos nos encarando, em silencio. Estávamos pensando em tudo o que havia acontecido até hoje. Eu podia ficar ali a noite inteira, mais achei melhor me despedir logo.

Jessica: Bom... obrigada pela carona. Até amanha.

Nos abraçamos e eu fui em direção ao prédio, seu José abriu a porta pra mim. Me virei e ele estava me olhando. Percebi que ele havia me esperado entrar no prédio. Acenei pra ele, e ele acenou de volta.

Sentei numa das cadeiras.

Seu José: E como foi seu dia Jessica?

Jessica: Eu realmente não sei explicar...

Enquanto isso, no hospital:

Lucilla: Doutor, obrigada por não contar a eles.

Médico: Ainda não entendi o problema em eles saberem, mais fico feliz em ajudar.

Lucilla: É que... não sei. Acho que vou parecer fraca e boba. Vamos lá, pense comigo:

Eu recebo uma mensagem anonima pedindo que eu encontrasse a pessoa nos fundos da escola no primeiro dia de aula, meia hora antes do horário de inicio. Eu fui. Chego la e três garotos aparecem e do nada começam a me bater. Até eu desmaiar. E creio que eles  bateram mais ainda mesmo depois que eu estava desmaiada... Olha, eu realmente fiquei apavorada. Eu podia ter fugido, mais não fugi. Se eu fugisse eu podia ter colocado mais pessoas ainda em risco. Eu estava ciente disso. Uma das outras perguntas que eu faço a mim mesma é: quem era aqueles garotos? eu juro que nunca vi na minha vida.

Médico: Bom, as vezes podem ser só maloqueiros, sabe aqueles que cheiram tudo?... Ou, a hipótese que eu acho menos provável  alguma pessoa da sua sala, que não gosta de você tenha mandado os garotos fazerem isso.

Lucilla ficou pensativa sobre a segunda hipótese.

Sábado, 06 de agosto:

Aquela semana havia passado bem rápido. Já era sábado, meu aniversario foi na quinta feira. Meus pais me ligaram me dando os parabéns, e só. Ninguém mais se lembrou. Também resolveram fazer um baile dali a um mês, falaram que estavam avisando naquela semana para se preparem bem. Aquilo valeria pontos pras olimpiadas da escola. "Pontos..." aquilo me lembrava Hogwarts. Pontos pra sua casa, ou no caso, sala. Bom, era sábado e Caio tinha me chamado pra dar umas voltas no centro da cidade, como era sábado  e atarde, era bem vazio. Não teria nada aberto, mais que seria legal, seria. O tempo estava nublado. Me arrumei e fui andando até onde combinamos de nos encontrar. Na frente da igreja. Ele chegou na hora marcada.
Caio: Oi...
Jessica: ... Oi ...
A conversa ficou nisso por um tempo e então começamos a andar. Ele resolveu iniciar o assunto.
Caio: Então... o que você gosta de fazer?
Jessica: Bom... eu assisto animes... ah e sabe aquelas musicas que você não suporta, que eu e a Lucilla ficamos ouvindo? Bom, a maioria tem uma coreografia, e eu aprendo. Sozinha.
Caio: Que animes você já assistiu?
Jessica: Na realidade isso é um pouco estranho... eu adoro animes, mais assisto poucos e a maioria desses "famosos" eu nunca assisti, como Naruto... Mas eu já assisti Another, Death Note...
Ele pareceu impressionado.

Caio: Nossa. Nunca conheci uma garota que gostasse desse tipo de coisa.
Eu sorri.
De repente, meus pensamentos se desviaram para o que aconteceu naquela semana. Falei quase num sussurro 
Jessica: E se...
Caio: O que?
Jessica: Nada.
Ele parou na minha frente
Caio: NADA vai acontecer a você ok? Nem a você, nem a Lucy. Agora prometa pra mim que você não vai mais pensar nisso.
Fiquei pensativa. Eu não sabia se ia conseguir cumprir a promessa.
Caio: Prometa.
Fiz que sim com a cabeça e ele me abraçou. Foi um abraço rápido, continuamos a andar, o telefone de Caio tocou, foi uma conversa rápida, olhei pra ele sem entender, e então, num sussurro ele me disse
Caio: Vai indo pro shopping. Te vejo daqui a pouco. 
Jessica: Mas porque? o que aconteceu?
Caio: Faça o que eu disse.
Eu achei um pouco estranho, mas fui.
Fiquei olhando as lojas quando de repente quatro garotos passam do meu lado, também vendo as vitrines, eles estavam parecendo uma fila. De repente o segundo me olha
Segundo menino: Nossa "sinh"...
Ele tropeçou e se apoiou no da frente, que virou pra ver o que tava acontecendo
Primeiro menino: Que foi ca..
E quase tropeçou também. Os outros dois ficaram só olhando e eu sai rindo.
Esperei Caio por mais de duas horas, tentei ligar pra ele mais falava que o celular estava desligado. Chegou uma hora em que desisti de esperar e resolvi ir embora.
Eu estava um pouco menos da metade do caminho quando um temporal começou.
Jessica: Era só o que me faltava.
Tentei apressar o passo, quando senti alguém me puxando. 
Caio: Me desculpa pela demora...
Jessica: Tudo bem...
Caio: Eu sei que não está. 
Ficamos parados ali.
Caio: Fica aqui ok?
Fiquei em duvida, e ele aproveitou esse tempo pra sair correndo até uma loja que tava tocando musica muito muito alto. Ele foi falar com um vendedor, que percebi que estava negando algo, e Caio estava insistindo. De repente notei que o vendedor estava olhando pra mim. Resolvi sair dali, e então uma musica que eu conhecia muito bem começou a tocar, tentei segurar o riso. Aquilo estava mesmo acontecendo ou era um sonho? Caio veio até mim.
Caio: Me concede essa dança?
Eu comecei a rir, aquilo realmente parecia coisa de filme. Percebi que tinha vários idosos no local, acho que era excursão de asilo ou coisa do tipo, eles ficaram nos encarando. Caio ainda estava esperando uma resposta, até que sim, começamos a dançar, e percebi que os idosos estavam fazendo o mesmo. Aquilo realmente era algo romântico, estava dançando no centro da cidade com... O IRMÃO DA MINHA MELHOR AMIGA? Sim, o irmão da minha melhor amiga. Outras pessoas que passavam ficam zoando, mas ninguém se importava. Os funcionários das lojas ficavam olhando, escutei uma das funcionarias de uma loja dizendo "que fofo" e até mesmo homens, aparentemente apreciando tudo aquilo. "Im dancing... and singing in the rain" eu sabia que era aquele o final, e lentamente fomos parando de dançar, e então nos beijamos. Pude perceber que os idosos que dançavam com a gente, os funcionários das lojas, e todos os outros, aplaudiam. Corei.

Lucilla: UM BAILE?

Caio: Shhh

Lucilla: Um baile?

Caio: Sim, um baile, daqui a um mes. E eu estou pensando em convidar a Jessica pra ir comigo...

Lucilla: Acho uma boa ideia...

Caio: Quer que eu peça pra "ele" te convidar ou prefere fazer você mesma?

Lucilla: Eu não vou poder ir lembra?

Caio: É só daqui a um mês, você só ficara aqui mais essa semana e já pode sair. Terá uma semana pra se arrumar.

Lucilla: Do mesmo jeito, não. Deixa as coisas acontecerem do jeito que devem.

Caio: Esse seu jeito "paz calma e tranquilidade*" me irrita sabia?

Lucilla: Haha, agora sai, já deu o horario.

Lucilla apontou pro relogio na parede

Caio ficou observando-a

Lucilla: Vai, azarath metrion zinthos*

Caio riu e a abraçou

Caio: Até amanha

Caio saiu do quarto.

*Paz calma e tranquilidade/ Azarath metrion zinthos: referencia ao desenho animado Teen Titans, onde essas palavras são usadas por Ravena para meditar e atacar.

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